FORAM PRECISOS 11 ANOS por Rui Alves

A primeira corrida fora de horas do então pequeno Carlos Lopes foi feita com um grupo de amigos, do bailarico de Vildemoinhos para casa.

Destemido como seria sempre ao longo da sua carreira, Carlos Lopes ganha o Campeonato Distrital de Viseu em Corta-Mato, classifica-se em terceiro no Campeonato Nacional, o que lhe vale uma convocatória para a equipa de Portugal de 1966 e uma viagem para Rabat, Marrocos para disputar o Cross das Nações.

O júnior Carlos Lopes junta-se a Anacleto Pinto, a grande aposta nacional na prova, mas que viria a desistir, Lopes classifica-se em 26º entre 106 participantes. Por esta altura tinha despertado a cobiça de vários clubes e é quase numa espécie de leilão que o Sporting vence a concorrência e contrata o atleta de Viseu.

Com o Mestre Moniz Pereira, as vitórias sucedem-se e o ano de 1970, regista o domínio avassalador de Carlos Lopes no atletismo nacional que se prolonga nos anos seguintes.

Quando em 1971 se inscreve na lista de participantes da São Silvestre de São Paulo, a expectativa é grande em relação à corrida do Português. Não é, no entanto, a sua melhor corrida, classifica-se num modesto 15º lugar.

Lopes não desiste, vai soma várias participações na mítica corrida de fim de ano, mas a sorte e a fortuna parecem abandonar o Campeão Português quando em 1976 seguia isolado, já com a meta à vista, sofre uma distensão muscular e é obrigado a abandonar.

O desafio estava lançado e Lopes persegue mais do que nunca pela vitória numa prova que é uma das mais desejadas pelos atletas e depois de ter estado mais de ano lesionado, em 1982, volta ao Brasil.

A corrida é disputada metro após metro, até à entrada na Avenida Paulista, Carlos Lopes ouve o Hino nacional (Rosa Mota estava já no pódio, como vencedora pela 2ª vez consecutiva) e se decide arrancar para a entrada do novo ano, consegue escapar, isola-se e alcança o lugar mais alto do pódio.

O sonho tinha sido alcançado 11 anos depois da sua primeira participação e passados 25 anos do triunfo do primeiro português a vencer a prova Brasileira, Manuel Faria.