REGRESSO DA F1 por Rui Alves

É com o espírito batalhador de César Torres e autor do Melhor Rali do Mundo que ao negociar para 1985, vê o regresso da F1 a Portugal ser antecipado para 1984. O líder carismático do Automóvel Clube de Portugal surpreende os portugueses e principalmente os adeptos do desporto automóvel quando é anunciada tal noticia.

Para a decisão internacional ser tão célere, muito contribui o cancelamento do GP de Espanha. Vinte e quatro anos depois da vitória de Jack Brabham, no circuito da Boavista, o Autódromo do Estoril abria as portas para receber a prova que não é mais do que a “creme de la creme” do automobilismo internacional, o Campeonato do Mundo de Fórmula Um!

Inaugurado oficialmente a 16 de Junho de 1972, o Circuito do Estoril teve de esperar até 1982, para fazer parte do Campeonato FIA F2 e passados dois anos, o Autódromo ali tão perto da Serra de Sintra, viria a receber o “circo” da Fórmula 1.

Integrado no Campeonato do Mundo de Condutores, o Grande Prémio de Portugal já se tinha realizado na cidade do Porto, nos anos de 58 e 60, e em 1959 no Circuito do Monsanto em Lisboa, corridas onde marcaram presença pilotos lendários como Stirling Moss, Graham Hill, Jack Brabham e Mário de Araújo Cabral mais conhecido como Nicha e o primeiro português a correr na F1,

Voltando a 1984, a última corrida da temporada marca a estreia do Circuito do Estoril na F1 e que será decisiva para o fechar das contas do Mundial, porque só um dos dois pilotos da escuderia da McLaren poderá conquistar o título de campeão do mundo

A tremenda responsabilidade da RTP, não impede a transmissão televisiva à escala mundial e assim, milhões de espectadores, assistem à vitória de Prost, mas ao alcançar o 2º lugar, Niki Lauda conquista a coroa de louros do Mundial com meio ponto de diferença, o piloto francês ainda tinha muito para aprender, até ser chamado pelos seus conterrâneos de professor.

Foi o início da época de ouro do Estoril. No ano seguinte, batizada com a forte chuva, a primeira vitória da carreira do jovem brasileiro, Ayrton Senna da Silva, mas não é tudo. Ao longo de 12 anos, as bancadas cheias do Autódromo e sempre com a transmissão da televisão pública, testemunham a segunda vitória da carreira de F1 do futuro Campeão do Mundo, Michael Schumacher, o acidente de Berger e Patrese em plena reta da meta, o piloto italiano por pouco não faz um “looping” a poucos metros da passagem superior da pista. Sem esquecer a ultrapassagem fenomenal de Jacques Villeneuve a Schumacher, em plena Parabólica.

Todas estas memórias fazem parte da história do Circuito do Estoril e que passaram em milhões de televisores espalhados por todo o mundo, sempre em direto e a cores, e que ainda hoje estão bem vivas em todos os fãs.