SANTO ISAÍAS, por Rui Alves

Há noites europeias que se agarram às conversas de café, são desafios às memórias, que abastecem as enciclopédias dos grandes feitos. «Aquela noite em Londres, lembras-te? Claro que sim, vi em direto na RTP, com os comentários do Rui Tovar.»

6 de novembro de 1991, em Highbury Park, o Benfica relembra que é ainda, um dos grandes clubes europeus.

Até então, Benfica e Arsenal nunca se tinham defrontado, mas este jogo viria a ter tudo o que um adepto de futebol quer ver: duas equipas na procura frenética pelo golo, incerteza no resultado e na eliminatória e para além da batalha das duas formações, estão também 34 mil almas inglesas a cantar desafiando os 1500 portugueses que se deslocaram à capital inglesa.

Os dois clubes encontram-se bastante cedo na última edição da nostálgica Taça dos Campeões Europeus. O vencedor seguiria para a fase seguinte composta por dois grupos, o vencedor de cada agrupamento teria acesso à final.

Quinze dias antes na Luz registou-se um empate a uma bola entre encarnados e os ‘gunners’, logo a seguir o Benfica empata nas Antas. Instalada a incerteza, o treinador é que paga, Sven-Goran Eriksson é contestado por muitos dos simpatizantes do clube de Lisboa.

Atingido o prolongamento e quando o Arsenal sufoca a equipa portuguesa, faz a sua aparição o profeta Isaías que remata, com a fé dos divinos expiando o clube lisboeta.

No momento mais alto da época de 1991/92, a formação benfiquista é recebida com euforia pelos seus adeptos e Eriksson? Como tantas vezes acontece no futebol, tinha passado de besta a bestial.

Existem realidades que nunca mudam, o Benfica, Arquivo da RTP e o “Replay” da RTP Memória ao recordar um dos melhores jogos da história dos clubes portugueses na Europa.