TRICAMPEÃ DO MUNDO por Rui Alves

Os grandes êxitos internacionais são sem sombra de dúvida, os três títulos consecutivos no Campeonato do Mundo de Estrada. No entanto, foi no Mundial de 1986 que Aurora atinge o momento mais alto da sua carreira, não só por ser o terceiro consecutivo, mas também pela resposta que deu às provocações de duas adversárias de respeito, Rosa Mota e Carla Beurskens.

O "tri", é, com toda a certeza, a vitória mais suada das três conquistadas pela atleta portuguesa nos Mundiais de Estrada.

Os 15 quilómetros nas estradas de Lisboa à beira-Tejo, foram uma repetição do Mundial de Madrid. Aurora Cunha em primeiro, seguida de Rosa Mota que ficou a 4 segundos. Portugal a escassos 4 pontos da URSS ocupa o segundo degrau do pódio.

Animados pelas vitórias internacionais das atletas portuguesa, estiveram mais de 30 mil pessoas no percurso entre o Cais do Sodré e Belém. É uma época de glória do atletismo nacional e os adeptos do desporto Português comemoram os títulos mundiais conquistados, evitando assim, a frustração do desporto rei que muito promete, mas quanto a títulos...

E numa época em que o dinheiro continua a não abundar no atletismo, os estágios antes de cada prova, não existem. Aurora só na véspera da corrida é que viaja no foguete até à capital para pernoitar, mas antes de se juntar à selecção e na companhia do seu treinador de muitos anos, Fonseca e Costa:

"...fomos jantar a uma marisqueira. E eu comi uma açordinha de marisco, com uma imperial. E fui dormir..." - recorda Aurora Cunha.