Lisboa, 11 fev (Lusa) - A obra em vídeo "Hoje o mar não deixa", que é inaugurada a 17 de fevereiro, no Museu do Chiado, em Lisboa, foi criada pelo artista João Grama, após quatro anos de contacto com marisqueiros, no litoral do país.
"João Grama. Hoje o mar não deixa" é o título do vídeo que será inaugurado nesse dia, às 19:00, no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, onde irá permanecer até 01 de maio.
Com curadoria de Emília Tavares, a obra em vídeo é o resultado de quatro anos de observação, realizada por João Grama, da relação entre os marisqueiros da zona de Vila do Bispo e Sagres, com o mar, fonte principal da sua subsistência.
O filme, no entanto, "não se apresenta como um objeto etnográfico, é antes um trabalho sobre os contornos ontológicos da imagem e do seu confronto com a construção complexa de imaginários", segundo o texto de apresentação da obra, assinado pela curadora.
"É uma incursão sobre uma velha dialética entre visibilidade e dizibilidade, sobre os limites representativos da imagem e as apetências imagéticas de toda a linguagem", acrescenta.
A obra de João Grama procura abordar as tensões entre "o ver e o dizer", colocando a imagem como base não dominante para a apresentação das palavras dos próprios marisqueiros, sobre as condições do mar.
"O que o filme demonstra é que nenhuma imagem poderia ser suficientemente descritiva do que os marisqueiros veem, apenas podemos contemplar a superfície duma representação que se perde na vacuidade de tudo o que já vimos e julgamos conhecer. Porque ver tornou-se, de forma demasiado literal, o modo de conhecer", descreve ainda a curadora.
Nascido em 1975, João Grama estudou fotografia no Ar.Co - Centro de Arte & Comunicação Visual, em Lisboa, e tem vindo a trabalhar com fotografia, vídeo e filme.
Exibe os seus trabalhos em Portugal, desde 2007, e, em 2011, foi convidado para participar nos European Photo Awards.
