Duas obras de Italo Calvino entre as novidades das Publicações D. Quixote

por Lusa

As Publicações D. Quixote, a celebrar 50 anos de existência, editam, em agosto, "O visconde cortado ao meio" e "Porquê ler os clássiscos?", do italiano Italo Calvino, e "País fantasma", do português Vasco Luís Curado.

Vasco Luís Curado apresenta "um romance sobre o fim do período colonial [português], com descrições impressionantes da violência recíproca que moldou Angola, antes, durante e depois da guerra, e o relato de como muitas famílias testemunharam, da pior maneira, o fim de um ciclo que durou mais de quinhentos anos", afirma a editora em comunicado.

Segundo a mesma fonte, este é um romance sobre "os últimos estertores do império", cujo cenário narrativo é o sul de Angola, nomeadamente as cidades da Gabela e de Moçâmedes, onde vivem as personagens principais, "Mateus, funcionário público e amante da poesia e do xadrez", e o "alferes Capelo", que cumpriu serviço militar em Angola, "quando se dá o massacre de centenas de brancos em povoações isoladas do norte", tendo participado "na primeira resposta militar contra os rebeldes", e que, após terminadas as sucessivas comissões militares, se tornou proprietário de plantações de café, não tendo regressado a Portugal.

O romance "País fantasma" chega às livrarias no dia 31 de agosto.

Psicólogo clínico de formação, Vasco Luís Curado, de 44 anos, já publicou a antologia de contos "A casa da loucura" (1999), a novela "O senhor ambíguo" (2001) e os romances "A vida verdadeira" (2010) e "Gare do Oriente" (2012). Publicou contos na revista Bang! e na antologia "A sombra sobre Lisboa".

As duas obras do escritor Italo Calvino (1923-1985) regressam às livrarias portuguesas no dia 25 de agosto. "O visconde cortado ao meio" é "um romance em que o real e o fantástico se fundem numa unidade perfeita, não deixando de ser evidente um incontornável compromisso com o mundo contemporâneo, apesar de o autor ter afirmado que `não tinha a intenção de fazer uma alegoria moral, e muito menos política`", adianta a editora do grupo LeYa.

"Porquê ler os clássicos?" reúne uma "série de brilhantíssimos ensaios que percorrem alguns dos pontos mais altos da literatura e do pensamento mundiais", segundo a mesma fonte.

"Os clássicos - afirma Calvino - são os livros de que se costuma ouvir dizer: `Estou a reler...` e nunca: `Estou a ler...`", pois "um clássico é um livro que nunca acabou de dizer o que tem a dizer".

Segundo o autor transalpino, "os clássicos são livros que quanto mais se julga conhecê-los por ouvir falar, mais se descobrem como novos, inesperados e inéditos, ao lê-los de facto".

"Chama-se clássico um livro que se configura como equivalente do universo, tal como os antigos talismãs", remata Italo Calvino.

Calvino nasceu em Santiago de las Vegas, em Cuba, filho de pais italianos, que, após o seu nascimento, regressaram a Itália. Licenciado em Letras, participou nos grupos de resistência ao regime fascista de Benito Mussolini, durante a II Guerra Mundial (1939-1945), e foi membro do Partido Comunista Italiano, até 1956. A carta de renúncia ao partido foi publicada por si no ano seguinte.

Literariamente, estreou-se em 1947, com "Il sentiero dei nidi di ragno", romance editado em Portugal pela Teorema com o título "O atalho dos ninhos de aranha".

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