Exposição de Amadeo no Porto "para além das expectativas" do Soares dos Reis

por Lusa

Porto, 30 dez (Lusa) -- A exposição de Amadeo de Souza Cardoso, que encerra no sábado no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, depois de dois meses em exibição, foi "para além das expectativas" da instituição, disse hoje a diretora.

Em declarações à Lusa, a diretora do Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR), Maria João Vasconcelos, ressalvou que os dados só vão estar fechados na próxima semana, mas adiantou que foram mais de 40 mil visitantes, o que lança os números de 2016 do único museu nacional do Norte do país para cima dos 90 mil visitantes, muito acima dos 54.407 de 2015.

"Não há dúvida de que em 10 anos o museu alterou profundamente o seu relacionamento com o público e tem demonstrado que a equipa que tem cá dentro a trabalhar consegue trabalhar. Tenho pena que a evolução da gestão dos museus não seja no sentido de potenciar o que as equipas podem fazer e o que as parcerias que podem ter permitiriam fazer, mas a centralização que se está a verificar há de determinar as possibilidades de avançar ou não", afirmou Maria João Vasconcelos.

O museu ampliou o horário de fecho nos últimos dias da exposição (no sábado encerra às 18:00), antes de seguir para o Museu do Chiado, em Lisboa, para acomodar os milhares que têm acorrido à exposição e que diariamente preenchem o passeio da rua Dom Manuel II.

Na fila para entrar a Lusa encontrou Paulo Lopes, jovem brasileiro a residir no Porto há nove anos, que já havia estudado Amadeo de Souza Cardoso na licenciatura em História da Arte e que ficou curioso com o facto de a exposição recriar a única mostra individual do artista em vida, feita no Porto e em Lisboa há 100 anos.

"O Amadeo se tornou pop, não é? Isso chama muito a atenção, não que desmereça a figura dele", afirmou Paulo Lopes, enquanto António Gonçalves, um residente em Gondomar também na fila no exterior do museu, sublinhou que "Amadeo é um grande" antes de confessar que lhe disseram que "justifica mais ver a exposição do que os Mirós que estão em Serralves".

Maria João Vasconcelos relembrou que "a comemoração dos 100 anos foi um pretexto para voltar a pegar em alguns aspetos e um particularmente interessante do ponto de vista da cidade do Porto que era a recetividade - ou falta dela - que o Amadeo tinha tido quando fez a exposição".

"A reconstituição do conjunto das peças expostas foi um trabalho muito interessante e conseguiu-se de facto reunir um grande conjunto das peças que tinham sido expostas [em 1916], com um resultado muito satisfatório", declarou a diretora do MNSR.

No interior, a família Rocha -- pais e dois filhos -- visitou a exposição no dia antes do encerramento depois de uma chamada de atenção da professora de Português do filho mais velho, João, que se juntou às várias vezes que o pintor foi falado em casa.

"Avisaram-nos que era o último dia e portanto tínhamos que vir. Falámos várias vezes sobre Amadeo de Souza Cardoso e também por causa do museu, que é um museu nobre na cidade, nunca cá tínhamos vindo e era uma falha. Tivemos que vir", disse o jovem.

Elisabete Rocha, por seu lado, sente-se cativada pelas cores e pelas texturas dos quadros de Amadeo, enquanto Carlos Rocha realçou como "incontornável" o artista falecido em 1918 e mostrou-se "em falha por não perceber a dimensão do que afinal foi Amadeo de Souza Cardoso", um "homem que estava muito à frente".

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