Viseu, 27 jul (Lusa) -- Filmes musicados ao vivo são o destaque da edição deste ano da iniciativa Cinema na Cidade, promovida pelo Cine Clube de Viseu, que arranca na terça-feira à noite, ao ar livre, no centro histórico.
"É uma edição especial do Cinema na Cidade, porque o Cine Clube está a assinalar 60 anos de atividade e quisemos preparar iniciativas diferentes", justificou à agência Lusa Rodrigo Francisco, do Cine Clube de Viseu.
Na sexta-feira, será apresentado o documentário "Douro Faina Fluvial", de Manoel de Oliveira (1931), cuja projeção será acompanhada por música ao vivo, da Orquestra de Dinis Rego.
"É a nossa homenagem a Manoel de Oliveira, que desapareceu este ano, com a exibição do seu primeiro filme. Curiosamente, este foi também o primeiro filme português que entrou no programa que o Cine Clube propôs à cidade, em 1956", contou.
Segundo Rodrigo Francisco, nos anos de 1930, "o documentário foi mal recebido em Portugal", porque sublinhava "as condições de vida, a pobreza, as dificuldades da população".
"Foi pessimamente recebido. Para os críticos estrangeiros tratava-se já de uma obra importantíssima, como depois veio a provar-se, mas, para a classe de elite portuguesa, era um filme que mostrava o Portugal que não se queria mostrar", explicou.
Na mesma noite, a encerrar o Cinema na Cidade, é exibido o clássico "O Garoto de Charlot", de Charlie Chaplin (1921).
Na quinta-feira, serão exibidos outros dois filmes, musicados ao vivo por Norberto Lobo, "de um cineasta de culto da história do cinema, o francês Jean Vigo", frisou Rodrigo Francisco.
Os filmes em causa são "Taris" (1931) e "Zero em Comportamento" (1933), que mostram "a insuperável poesia do cinema de Jean Vigo, acompanhada pela guitarra de Norberto Lobo".
Rodrigo Francisco referiu que este é "um programa para todos os públicos, que começa com cinema de animação, com uma sessão para todas as famílias, mas também recupera um pouco as raízes do cinema experimental e da história desta arte".
O Cinema na Cidade arranca terça-feira com "Paddington", de Paul King (2014), que recupera as histórias de Michael Bond sobre um urso do Peru que tenta encontrar um lugar para viver em Londres.
A boa disposição continua na quarta-feira, com a comédia "Grand Budapest Hotel" (2014), de Wes Anderson, que se inspira "no `concierge` de um famoso hotel e na sua amizade com uma jovem empregada que se torna sua protegida, durante o período entre as duas guerras mundiais".
"Queremos incentivar todo o tipo de público a participar, incluindo as pessoas que vivem no centro histórico, porque estamos praticamente na casa delas", disse Rodrigo Francisco.
