Coimbra, 15 mai (Lusa) -- O Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, edifício do século XVII classificado como monumento nacional, "revela iminente colapso", afirmou à Lusa o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Norberto Pires.
"Basta um pequeno abalo ou um inverno mais complicado" para pôr em causa a estrutura do edifício e, naturalmente, "parte do seu recheio", alertou Norberto Pires, que falava depois de visitar o mosteiro. Durante a visita, que fez a convite da Confraria da Rainha Santa Isabel, instituição responsável pelo monumento, Norberto Pires foi "colocado perante uma realidade muito mais complicada do que aquela que esperava", confessou.
O estado de degradação do mosteiro, resultante, em grande medida, das "infiltrações de água" e da "falta de manutenção, durante décadas", exige uma intervenção imediata, no sentido de "estabilizar o edifício", intervenção que implicará um investimento da ordem de um milhão de euros, calculou o presidente da CCDRC.
Norberto Pires sustentou, no entanto, que aquela intervenção não dispensa a elaboração de "um plano de médio e longo prazo", sob pena de, "daqui a meia dúzia de anos, se voltar à atual situação" de "iminente rotura".
Além disso, "não é possível resolver num curto espaço de tempo aquilo que não foi feito durante décadas", sublinha o presidente da CCDRC, que vai apelar à intervenção do secretário de Estado da Cultura e do Primeiro-Ministro.
"Está em causa um património que representa a nossa identidade. Não se ganha competitividade perdendo a identidade, perdendo aquilo que nos diferencia", salientou.
O presidente da Confraria da Rainha Santa Isabel, António Ribeiro Rebelo, também referiu que o mosteiro "está em adiantado estado de degradação" e ameaça ruir, havendo particular preocupação com a cobertura das galerias superiores dos claustros.
Sem manutenção "ao longo das últimas décadas", o edifício está muito vulnerável, sobretudo a sua cobertura, que tem "acusado especialmente os efeitos das últimas chuvas", afirmou o responsável à Agência Lusa.
"Urge uma intervenção", advertiu António Ribeiro Rebelo, revelando que ainda hoje iria escrever ao secretário de Estado da Cultura a "solicitar medidas urgentes".
Segundo o catedrático da Faculdade de Letras de Coimbra, os efeitos "devastadores" das infiltrações de água das chuvas das últimas semanas tornaram-se mais evidentes no sábado passado quando "se procedia à substituição de algumas telhas".
Construído para receber as religiosas do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, entretanto invadido pelas águas do Mondego, o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova esteve ocupado na sua quase totalidade pelo Ministério do Exército entre 1911 e 2006, ano em que foi devolvido à Confraria da Rainha Santa Isabel.