Três quadros de Brueghel, o Jovem foram autorizados a sair do país

por Lusa

Lisboa, 31 jul (Lusa) -- A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) afirmou hoje à Lusa que, no total, foram autorizados a sair do país três quadros de Pieter Brueghel, o Jovem, tendo as duas primeiras autorizações sido dadas a 09 de setembro de 2009.

Segundo a mesma fonte, consultado o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), sobre a saída dos quadros do pintor neerlandês, o parecer, de 2009, foi idêntico ao dado em 2010, para a saída definitiva de "The wedding procession", de Brueghel, o Jovem, propriedade do ex-deputado Duarte Lima.

O despacho de autorização de saída de "The wedding procession", é datado de 18 de janeiro de 2010.

O MNAA, então liderado pelo historiador de arte Paulo Henriques, considerou as obras sem relevância para o património nacional. O parecer dado pelo museu, em 2010, segundo a DGPC, afirmava: "A obra não tem relevante interesse para o património nacional, não vendo inconveniente da sua expedição definitiva".

O presidente da Parvalorem, criada em 2010, como sociedade de capitais públicos, para gerir os ativos e recuperar os créditos do ex-BPN, disse hoje à agência Lusa, que sabe "da existência de mais quadros" de Duarte Lima, desconhecendo porém o seu paradeiro: "A empresa sabe da existência de mais quadros além do que foi vendido, mas desconhece a sua localização", afirmou.

Nogueira Leite, que preside a sociedade, realçou que, "naturalmente, o património que for identificado e encontrado em nome do devedor [Duarte Lima] será afeto à liquidação das suas responsabilidades".

O diário Público, por seu lado, noticiou hoje, na sua edição `online`, que existem outros dois quadros do pintor neerlandês, afetos ao património de Duarte Lima, que a Parvalorem quer vender, para abater a dívida do ex-deputado ao antigo BPN.

O advogado Duarte Lima, no âmbito do processo "Homeland", sobre a aquisição de terrenos em Oeiras, tinha uma dívida de cerca seis milhões de euros ao ex-Banco Português de Negócios (BPN).

Na passada quinta-feira soube-se que um quadro de Pieter Brueghel, o Jovem, que pertencera ao ex-líder parlamentar do PSD, tinha sido vendido, por intermédio da leiloeira Sotheby`s a uma galeria suíça, e que essa venda tinha sido aceite por Duarte Lima, para abater essa dívida.

Intitulado "The Wedding Procession", o quadro foi vendido em abril deste ano à Galeria De Jonckheere, em Genebra, por 2,024 milhões de euros, depois de apreendido em Londres pelo Ministério Público (MP), através do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

Na quinta-feira, questionado pela Lusa sobre a aquisição do quadro, Duarte Lima disse que não queria fazer comentários: "São contas de outro rosário". "Não considero que seja relevante no contexto desta notícia portanto não comento", finalizou.

Na altura, o advogado refutou que o quadro tenha sido apreendido: "O quadro é da minha propriedade, esteve sempre na minha disponibilidade, e resultou de um acordo entre mim e a Parvalorem para liquidar a dívida".

Duarte Lima disse ainda que a transação do quadro de Brueghel, o Jovem, "foi toda feita dentro da legalidade", tendo dirigido o pedido de autorização de saída ao Instituto dos Museus e da Conservação (na atual Direção-Geral do Património Cultural), entidade que "deu o aval, por considerar que o quadro era importante, mas não relevante para o património histórico-cultural nacional".

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