Antigo PR moçambicano diz que país precisa de coragem para enfrentar as crises

por Lusa

Maputo, 25 set (Lusa) - O antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano defendeu hoje em Maputo que o país deve reunir coragem para superar as crises que enfrenta atualmente, consolidando as conquistas da independência.

Falando aos jornalistas, no final da visita à Praça dos Heróis, por ocasião do 52.º aniversário do início da luta armada contra o colonialismo português, Chissano assinalou que o país não se deve deixar abater pelo medo, face à crise económica e financeira e à instabilidade militar que assola o centro e norte do país.

"Os moçambicanos devem resolver os seus problemas mas sem medo, porque sempre há de haver qualquer coisa de mal", ressalvou o antigo chefe de Estado moçambicano, entre 1986 e 2005.

Os moçambicanos, continuou Joaquim Chissano, devem encontrar as melhores soluções para os seus problemas, esforçando-se sempre por minimizar as dificuldades.

Por seu turno, o coordenador dos mediadores internacionais nas negociações em curso pela busca da paz entre o Governo moçambicano e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, Mario Raffaelli, apontou a necessidade de o país voltar à estabilidade, como caminho para o desenvolvimento.

"Se não há paz, não haverá condições para resolver os problemas que o país enfrenta", destacou Raffaeli, nomeado para a função de mediador do conflito moçambicano pela União Europeia (UE).

O dia 25 de Setembro é considerado em Moçambique dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) por oficialmente ter sido nessa data, em 1964, que se deu o início da luta armada contra o regime colonial português e que se prolongou por um período de dez anos, até à assinatura, a 07 de setembro de 1974, do Acordo de Lusaka.

O Acordo de Lusaka foi assinado entre o Governo português e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, e preparou a transição para a independência do país em 25 de junho de 1975.

O dia das FADM é comemorado este ano num contexto em que o país é assolado pela violência militar entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Renamo, devido à recusa do movimento em aceitar a derrota nas eleições gerais de 2014.

O principal partido da oposição exige governar em seis províncias do centro e norte do país onde reivindica vitória no escrutínio, acusando a Frelimo de ter cometido fraude.

Em paralelo com a instabilidade militar, Moçambique está também a ser acossado por uma crise económica e financeira, devido a uma queda dos preços das matérias-primas no mercado internacional, calamidades naturais, acentuada desvalorização da moeda, derrapagem na inflação e uma espiral da dívida pública, causada pela descoberta de dívidas acima de mil milhões de euros contraídas pelo anterior Governo entre 2013 e 2014 à revelia da Assembleia da República e das instituições financeiras internacionais.

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