CGTP anuncia semana de luta nacional entre 16 e 20 de maio

por RTP
Mário Cruz, Lusa

O secretário-geral da CGTP anunciou a realização de uma semana de luta, de 16 a 20 de maio, com greves, manifestações e concentrações, pela reposição dos direitos dos trabalhadores. A mesma ideia de reposição de direitos perdidos foi também sublinhada por Carlos Silva em Viseu, cidade onde a UGT assinalou este ano o 1.º de Maio.

Arménio Carlos justificou a iniciativa afirmando que "só com a luta se alcança a mudança" e que a semana de manifestações pretende reivindicar o aumento de salários, o emprego com direitos, a renovação contratação coletiva e as 35 horas de trabalho semanal para os trabalhadores dos setores público e privado.

"Este é o tempo de concretizar a esperança e lutar pela mudança. Um tempo recheado de desafios e de potencialidades [...]. O cumprimento das promessas credibiliza os políticos e a política reforça a democracia", disse Arménio Carlos perante milhares de pessoas que o ouviam na alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa, onde terminou o tradicional desfile comemorativo do Dia do Trabalhador.

O dirigente sindical considerou que "as medidas implementadas [pelo atual Governo socialista], embora limitadas, invertem o rumo de cortes sucessivos nos salários, nas pensões e nos direitos", mas defendeu que perante o novo quadro político e "nesta nova fase é preciso ir mais longe".

No entender do líder da Inter, "há muito caminho para fazer, um conjunto vasto de problemas para resolver e uma luta que não pode parar".

Numa mensagem dirigida ao executivo socialista de António Costa, Arménio Carlos manifestou o apoio da CGTP para "resistir às chantagens e ingerências internas e externas", mas avisou que a central jamais será cúmplice "de políticas que perspetivem a cedência e subjugação aos ditames da 'troika' ou a hipotéticos consensos alargados defendidos pela direita".

Insistiu ainda que "é tempo de romper com o passado" e acentuou que o momento atual "implica que o diálogo e a negociação têm de produzir resultados" no curto prazo.

A propósito da celebração do 1.º de Maio, que este ano coincide com o Dia da Mãe, Arménio Carlos enalteceu as mães e mulheres trabalhadoras que, pela sua "tenacidade, firmeza e determinação" têm estado na frente da luta.
PS saúda clima de compromisso
A secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, disse ao líder da CGTP-IN, Arménio Carlos, que "é bom festejar" o 1.º de Maio "em clima de compromisso" e de "reforço do diálogo social".

"É isto que é bom, festejar Abril, festejar o 1.º de Maio, em clima de compromisso, de diálogo e de reforço do diálogo social, que é absolutamente essencial", disse Ana Catarina Mendes a Arménio Carlos.

A secretária-geral-adjunta do PS esteve em Lisboa em representação dos socialistas no desfile do 1.º de Maio, cumprimentando Arménio Carlos antes de o dirigente sindical integrar a 'cabeça' da manifestação, mas a saudação prolongou-se por quase cinco minutos de diálogo em frente aos jornalistas.Ana Catarina Mendes sublinhou ainda o empenho do Governo e dos socialistas para "encontrar formas de combater a precariedade" laboral.

Arménio Carlos disse contar "com o PS para esta mudança que é necessária".


"Agradecemos a vossa participação, como é hábito. Contamos com o PS para esta mudança que é necessária", disse a terminar Arménio Carlos.

No início da conversa, o secretário-geral da Intersindical prometeu ao PS "apoio para lutar contra todas as ingerências" e uma advertência: "Não podemos é dar margem de manobra para cedências em relação a algumas matérias, a contratação coletiva, a questão dos salários, a precariedade", disse.

Ana Catarina Mendes respondeu que este é um bom dia para afirmar a necessidade de reforço do sindicalismo e também vincar o virar "da página da austeridade, do sufoco em que as pessoas estavam".

"Hoje, nós podemos dizer que a valorização da concertação social, a reposição dos direitos, a reposição de salários, a valorização do salário mínimo nacional - aumentámos para já o que é possível aumentar -, são conquistas muito importantes", declarou Ana Catarina Mendes, acompanhada pela deputada Maria Antónia Almeida Santos.

Sempre em diálogo com Arménio Carlos, a dirigente socialista continuou: "Em terceiro lugar, estou de acordo consigo, temos de resistir às pressões internacionais, mas isso não significa rompermos os compromissos com a Europa, significa encontrarmos as melhores plataformas que defendem os nossos trabalhadores e o estado social".
UGT exige reposição das 35 horas
A partir de Viseu, onde levou as comemorações do Dia do Trabalhador da União Geral de Trabalhadores, o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, exigiu ao Governo que cumpra o compromisso da reposição das 35 horas de trabalho semanal para todos os trabalhadores da função pública, independentemente do seu vínculo laboral.

"Apelamos ao Governo da República para que, no próximo dia o1 de julho, cumpra o compromisso assumido com o país das 35 horas para todos os trabalhadores da administração pública, qualquer que seja o seu vínculo laboral. É uma exigência da central sindical", afirmou.

Durante as comemorações do Dia do Trabalhador, Carlos Silva referiu que esta "não é uma ameaça velada ou explícita" que deixa ao Governo, vincando a importância do diálogo ente o Governo e os sindicatos.

"Importa que o diálogo social flua entre o Governo e os sindicatos, como a melhor arma para alcançar uma efetiva e desejável paz social que o país requer, depois de uma tão grave e longa crise de austeridade que se abateu sobre os portugueses", evidenciou.

No seu discurso, Carlos Silva destacou que a UGT está disponível para, em concertação social, valorizar o Programa Nacional de Reformas apresentado pelo Governo e que será enviado à Comissão Europeia.

"Temos por objetivo investir em soluções que resolvam os problemas estruturais do país, como forma de diminuírem as graves assimetrias regionais que teimam em subsistir e que promovam a coesão territorial e social, com equilíbrio e sustentabilidade", afirmou.
Reposição dos direitos perdidos
O líder da central sindical exigiu ainda a reposição dos direitos que os portugueses perderam nos últimos anos.

"No setor privado, queremos discutir a reposição dos 25 dias úteis de férias que, tal como os quatro feriados, foram uma perda para os trabalhadores com a crise e com os empréstimos a Portugal", acrescentou.

Carlos Silva aproveitou ainda para relembrar ao Governo o compromisso que assumiu de levar a cabo "um combate sem tréguas à precariedade laboral e à excessiva rotação de trabalhadores que frequentam estágios profissionais pagos pelo Estado".

"O Estado somos todos nós, são os contribuintes que pagam e não querem continuar com trabalhos precários para milhares e milhares de jovens portugueses. Com precariedade não há estabilidade, nem condições para promover a natalidade", concluiu.


c/ Lusa
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