Dois mil emigrantes lesados pelo BES aceitam proposta do Novo Banco

por Carlos Santos Neves - RTP
“A adesão à solução para os clientes emigrantes está a correr de forma muito positiva”, adiantou à agência Lusa fonte do Novo Banco Hugo Correia - Reuters

Dois mil emigrantes lesados pela subscrição de produtos do Banco Espírito Santo e que agora reivindicam a restituição de poupanças, de um conjunto de sete mil, já aceitaram a solução proposta pelo Novo Banco. É um balanço “muito positivo” aquele que é enunciado à agência Lusa por fonte da instituição liderada por Eduardo Stock da Cunha.

Agosto deverá ser mês de protestos contra os efeitos de choque da resolução, há um ano, do banco outrora encabeçado por Ricardo Salgado. Mas nesta altura quase um terço dos clientes lesados já assinaram com o Novo Banco a proposta comercial que deverá permitir-lhes reaver 400 milhões de euros.
Os sete mil casos de emigrantes lesados envolvem aplicações num montante de 720 milhões de euros.

“A adesão à solução para os clientes emigrantes está a correr de forma muito positiva”, indicou a fonte do Novo Banco ouvida pela agência Lusa, para sublinhar que, até sexta-feira, havia “duas mil propostas a clientes assinadas”.

A solução comercial do Novo Banco, que começou a ser apresentada há pouco mais de uma semana, passa pelo investimento nos produtos Poupança Plus, Top Renda e EuroAforro. Para avançar teve de receber a luz verde do Banco de Portugal.

A anulação dos veículos financeiros em causa, por parte do Novo Banco e do Credit Suisse, está condicionada à assinatura prévia dos clientes lesados. Só então pode concretizar-se a garantia de 60 por cento do capital investido - com liquidez, se for essa a escolha -, e um depósito anual crescente a seis anos, que visa a recuperação de pelo menos 90 por cento do capital.
“Não é milagre nenhum”

A 21 de julho, também em declarações à Lusa, Amélia Reis, porta-voz do Movimento dos Emigrantes Lesados, sediado em solo francês, deixava uma nota de descontentamento perante a proposta do Novo Banco. E a promessa de manifestações em Lisboa e na capital francesa.

Estão previstas ações para 10 de agosto na capital portuguesa e 26 de setembro em Paris, onde haverá ainda manifestações em todos os últimos sábados a partir do mês de outubro. “A não ser que haja um milagre antes”, frisava então a porta-voz, para quem a solução desenhada pelo sucessor do BES “não é milagre nenhum, só é pior”.

Da carteira mais quente do Novo Banco fazem também parte os casos de clientes que detinham como ativos subjacentes dívida sénior do Espírito Santo transitada para a instituição criada pelo Banco de Portugal.

Situações que, de acordo com a mesma fonte do Novo Banco, estão a ser trabalhadas desde outubro de 2014 – trata-se de cerca de 14 mil clientes com aplicações de 2.120 milhões de euros.

c/ Lusa
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