Ex-Presidente da GM demitiu-se mas recebe 20 milhões de dólares

por Eduardo Caetano, RTP
Rick Wagoner cedeu às pressões da Administração norte-americana e demitiu-se, não sem levar uma compensação superior a 20 milhões de dólares Tannen Maury, EPA

O Presidente executivo da General Motors, Rick Wagoner, que se demitiu do cargo a pedido de Barack Obama, vai receber a título de compensação a quantia de 20 milhões de dólares. Empresa tem moratória de 60 dias para reduzir drasticamente as dívidas.

A empresa recusa que se trate de mais um "Golden Parachutte", ou seja, uma reforma milionária para executivos de topo, adiantando que se trata da "reforma e outros elementos de remuneração em pagamento diferenciado, acumulados até 31 de Dezembro devido aos seus 32 anos de trabalho na General Motors".

A porta-voz da GM, Renne Rashid-Mereem, diz mesmo que a quantia a receber por Wagoner poderá ainda ser superior à agora anunciada, situação que é justificada com a possibilidade do ex-Presidente poder receber ainda mais benefícios.

A propósito da distribuição de prémios na AIG, Barack Obama criticou a empresa norte-americana por distribuir prémios depois de se ter socorrido de um fundo de emergência estatal para sair da situação problemática em que se encontrava, considerando indigno o pagamento de prémios a quem deixou a seguradora à beira da falência e pediu aos quadros daquela seguradora norte-americana para que devolvessem as quantias recebidas.

O Presidente norte-americano solicitou às empresas que tivessem alguma contenção na distribuição de prémios e no pagamento de salários aos quadros superiores e gestores.

Exigência presidencial afasta Wagoner

Barack Obama "pediu" a Rick Wagoner que se demitisse do cargo que exercia na GM para possibilitar a reestruturação e recuperação da empresa. A demissão "com efeito imediato" foi anunciada no passado domingo pela administração norte-americana. Wagoner foi substituído por Fritz Henderson, antigo director de operações da empresa.

Wagoner tem 56 anos, começou e desenvolveu toda a sua carreira no seio da General Motors onde entrou no ano de 1977, acabado de sair da Universidade de Harvard.

Em 2000 assumiu o cargo de presidente executivo. Em 2009 demite-se por pressão da administração Obama. Sabe-se agora que receberá, pela saída, cerca de 20 milhões de dólares.

"60 dias para fazer mais e melhor"

A Administração norte-americana concedeu um prolongamento de 60 dias à GM para que a empresa reduza drasticamente a sua dívida.

Caso não o consiga, a General Motors poderá enfrentar um processo de falência estruturada, sob gestão do governo dos EUA.

Fritz Henderson, o novo Presidente executivo da GM, defendeu que esse processo de falência estruturada gerida pelo Governo de Barack Obama é melhor e menos arriscado do que o habitual pedido de protecção ao abrigo do capítulo 11.

"Penso que o processo de falência é uma opção bastante viável, muito melhor do que uma concordata", afirmou Fritz Henderson à Bloomberg Ken Klee.

Henderson está encarregado de delinear um novo plano de recuperação da GM em conjugação de esforços com os concessionários, accionistas, sindicatos e outros interessados na empresa.

A "Task Force" nomeada por Obama para liderar o processo de recuperação da indústria automóvel norte-americana, fortemente abalada pela crise financeira que se instalou no território e em todo o mundo, rejeitou um primeiro plano apresentado pelo ex-presidente Wagoner a que se seguiu o pedido que se demitisse.

Barack Obama afirmou ontem que a General Motors tem de sobreviver sem se tornar "protegida do governo" e que dispõe de uma última hipótese, limitada, de proceder a uma "reestruturação ao nível dos fundamentos".

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