Ex-trabalhadores de estaleiros de Viana do Castelo querem regime de exceção

por Lusa

Um regime de exceção para os 400 ex-trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo que, em 2017, deixam de ter subsídio de desemprego é a proposta que a comissão que os representa vai levar ao Governo, na próxima semana.

Em declarações hoje aos jornalistas, no final de uma reunião onde participaram cerca de 150 antigos funcionários da empresa de construção naval, o porta-voz, António Ribeiro adiantou que aquele pedido vai ser apresentado na reunião agendada para o próximo dia 20, às 11:30, em Lisboa, no Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

"A solução passa pela reintegração no mercado de trabalho da malta mais jovem. Para os ex-trabalhadores com mais de 52 anos que ainda não podem pedir a reforma antecipada defendemos que deve ser estendido o prazo do subsídio de desemprego ou atribuído qualquer apoio social", afirmou António Ribeiro no final da reunião preparatório do encontro com o Governo, realizada hoje na sede da Junta de Freguesia da Meadela, em Viana do Castelo.

Em causa estão "cerca de uma centena de ex-trabalhadores que no próximo ano ainda não reúnem condições para pedir a pré-reforma e que vão ficar sem subsídio de desemprego". Outros "300 ex-trabalhadores poderão passar à reforma mas com penalizações".

O responsável acusou ainda a WestSea, subconcessionária dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), de "não estar a cumprir com o que prometeu" em 2013."Foi-nos prometido que a WestSea ia recrutar cerca de 400 ex-trabalhadores dos ENVC e isso não tem acontecido", reforçou.

António Ribeiro disse ter "esperança que vai sair algo de positivo" da reunião da próxima semana no Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social mas avisou que caso o Governo não esteja disponível para encontrar soluções que minimizem a situação "as formas de luta estão em cima da mesa".

A reunião no Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social surgiu na sequência da conversa mantida, em novembro passado, em Viana do Castelo, pelo ministro Vieira da Silva com aqueles ex-trabalhadores.

Na altura, durante uma visita à capital do Alto Minho, o governante foi abordado por cerca de 30 ex-trabalhadores dos estaleiros que lhe pediram uma audiência para analisar a questão. António Ribeiro afirmou então que o governante disse "estar inteirado da situação", tendo-os encaminhado para um assessor do seu gabinete".

A comissão representativa dos ex-trabalhadores foi criada no início de setembro para discutir o seu futuro com forças políticas e agentes do poder e já se reuniu com o PCP, com o Bloco de Esquerda, com o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV), com o presidente da Câmara de Viana do Castelo e com a comissão parlamentar do Trabalho e Segurança Social.

Continua a aguardar por resposta aos pedidos de reunião enviados ao PS, PSD e CDS.

Em 2014, quando os estaleiros foram subconcessionados à Martifer estavam ao serviço 609 trabalhadores. O plano de rescisões amigáveis a que os trabalhadores foram convidados a aderir custou ao Estado 30,1 milhões de euros. Suportado com recursos públicos, incluiu indemnizações individuais entre os 6.000 e os 200 mil euros, além do acesso ao subsídio de desemprego e reforma.

Pelos terrenos, infraestruturas e equipamentos dos ENVC, o grupo Martifer vai pagar ao Estado uma renda anual de 415 mil euros, até 2031.

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