Nobel da Economia Stiglitz considera que desigualdade e austeridade são escolhas políticas

por Lusa

Lisboa, 01 dez (Lusa) -- O prémio Nobel da Economia Joseph Stiglitz afirmou hoje, em Lisboa, que a desigualdade e a austeridade são uma escolha política e que diferentes medidas podem ser tomadas para estimular o crescimento económico e reduzir a desigualdade.

"A desigualdade é uma escolha. Não uma escolha que os pobres fazem, mas uma escolha política. É um resultado das medidas que são tomadas", disse Joseph Stiglitz na conferência `Desigualdade num Mundo Globalizado`, que decorreu ao final da tarde na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Mesmo num "contexto de austeridade" na zona euro, o Nobel da Economia considerou que a austeridade também é "uma escolha" e que "há várias medidas que podem ser tomadas", mesmo dentro desse contexto para estimular o crescimento económico.

Durante a conferência, o economista, que venceu o Nobel da Economia em 2001, destacou a redução dos salários médios entre as pessoas mais pobres dos Estados Unidos, nos últimos 60 anos, e o aumento dos recursos de 1% dos mais ricos do país, que "mais do que duplicou" nos últimos 30 anos.

Perante a crise económica mundial, o professor universitário disse ainda que as recessões económicas levaram a "brutais aumentos" na desigualdade: "Há mais desemprego, os salários são cortados e, principalmente onde a austeridade foi aplicada, há um corte nos serviços básicos, que são importantes para as pessoas com menos recursos", afirmou.

Joseph Stiglitz afirmou ainda que "91% da recuperação económica foi para os 1% com mais recursos" e criticou as celebrações de países europeus, como Espanha, da redução das taxas de desemprego para valores ainda "inaceitáveis".

"Estão a celebrar o fim da recessão com uma taxa de desemprego de 23% e de desemprego jovem perto de 50%. Para mim, isso é uma depressão e não um motivo de celebração", apontou, lembrando ainda que muitos jovens emigraram, deixando de entrar nas estatísticas de desemprego.

O Nobel concluiu que houve um "aumento global da desigualdade", que é "particularmente problemática" na Europa, e deixou uma questão: "Sabemos que a austeridade reduz a performance económica e promove a desigualdade".

"Mas não é economia. É política. Conseguiremos alcançar as mudanças políticas que levem a uma sociedade igualitária?", interrogou.

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