Passos quer explicações e não entende intenção do Governo na TAP

por Sílvia Brandão

Fotografia: Mário Cruz - Lusa

Pedro Passos Coelho quer que o ministro Pedro Marques explique a reversão do negócio da TAP. O ex-primeiro-ministro aponta que não se percebe bem a intenção do Executivo em ficar com 50 por cento da TAP e que é preciso entender se "o interesse público está devidamente acautelado" O líder da oposição criticou também a proposta de Orçamento do Estado que dá "com uma mão a uns o que está a tirar, na grande maioria, a todos os outros".

O Governo anunciou este sábado que a reversão do negócio da TAP está concretizada. O Estado passa a deter 50 por cento do capital da empresa e nomeia seis dos doze administradores, tendo direito de veto. No entanto, a gestão da companhia será privada.

O ex-primeiro-ministro, de visita a Bragança depois de ter apresentado a recandidatura à liderança do PSD, insistiu que o ministro da tutela deve esclarecer os detalhes do acordo para a TAP no Parlamento. "Enquanto isso não acontecer acho que não vale muito a pena acrescentar grande coisa", explicou o líder da oposição. Não deixou de mostrar desconfiança.

"Não percebemos bem qual é a intenção do Governo em ficar com 50 por cento. É preciso ver se o interesse público está devidamente acautelado", explicou.

Pedro Passos Coelho não quis acrescentar mais esclarecimentos, remetendo para outras declarações a serem feitas depois de o negócio ser explicado pelo executivo. Esclarecimentos que Passos acredita serem necessários para que "não fique a ideia de que o Governo, por uma questão de birra, queria ficar com mais de 50 por cento da TAP. Afinal não são mais de 50 por cento. São 50 por cento mas os privados é que mandam", afirmou.

"Isto não está muito claro. Nós tínhamos o interesse público defendido em regras que constavam do próprio contrato de venda. É precisa saber como é que essas regras ficaram", insistiu.

Sobre o Orçamento do Estado, o presidente do PSD apontou que o Orçamento traz um "grande aumento dos impostos" e que estes "vão prejudicar sobretudo as empresas, a classe média e a retoma da economia que estava a ter lugar".

"Faz-se em nome de não ter um défice maior para poder andar mais depressa na restituição de salários na área da Administração Pública e para poder fazer várias concessões de reversão de políticas que tinham sido feitas no passado e que tinham uma incidência estrutural sobre a economia."

"Não me parece que esta seja a estratégia correta. Os portugueses não estavam à espera, e o Governo disse que não iria fazer, um aumento de impostos desta dimensão para, de alguma maneira, dar com uma mão a uns o que está a tirar, na grande maioria, a todos os outros", defendeu o ex-primeiro-ministro.
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