Posto de receção de leite açoriano vai ser transformado em sede de confraria

por Lusa

Um antigo posto de receção de leite na freguesia dos Arrifes, concelho de Ponta Delgada, nos Açores, vai acolher em 2016 a sede da única confraria portuguesa dedicada ao leite, um produto com grande importância económica no arquipélago.

"Já metemos o pedido de licenciamento na Câmara de Ponta Delgada, iremos agora candidatar [o projeto] a fundos comunitários e se as coisas correrem bem [...] penso que durante 2016 iremos ter a recuperação desse antigo posto de leite para sede da confraria", afirmou hoje à agência Lusa o porta-voz da Confraria do Leite dos Açores, José Luís Vicente.

A associação sem fins lucrativos foi criada nos Arrifes, uma das maiores bacias leiteiras dos Açores, em junho de 2011, contando atualmente com 17 confrades efetivos e 15 honorários, entre os quais o atual presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro.

O arquipélago açoriano é responsável pela produção de 30% do leite e 50% do queijo em Portugal.

Presentemente os Açores têm registadas sete confrarias. Quatro estão inscritas na Federação Portuguesa de Confrarias e três não, nas quais se inclui a Confraria do Leite.

José Luís Vicente, que também é relator do conselho fiscal, referiu que a sede da Confraria do Leite dos Açores ficará nas imediações de uma fábrica de laticínios, de uma cooperativa e da Associação de Jovens Agricultores Micaelenses, que "também tem gado e faz exploração de leite", pelo que seria interessante "criar uma espécie de rota do leite nesta zona".

O responsável adiantou que o projeto prevê uma sala de degustação de produtos derivados do leite para acolher os visitantes e um polo museológico, onde estarão expostos, por exemplo, antigas bilhas de leite e outros apetrechos, assim como o traje da confraria e outros símbolos.

O traje é inspirado no lavrador dos Arrifes, em que a capa representa a forma como em dias de chuva e frio os trabalhadores se abrigavam no campo, com um capote de fardo oleado, dando assim origem a um "poncho" castanho claro - debruado a verde (das pastagens) - e um chapéu de feltro, na mesma cor, semelhante ao usado em dias de cerimónia.

"Esta confraria nasceu da união de várias entidades/ instituições aqui da freguesia, que suportam financeiramente a associação", afirmou José Luís Vicente, acrescentando que este ano serão entronizados novos confrades.

A primeira confraria açoriana registada na Federação Portuguesa de Confrarias nos Açores data de 2003, sendo dedicada ao queijo produzido na ilha de São Jorge.

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