S&P prepara terreno para corte de notação à União Europeia

por Carlos Santos Neves - RTP
O terceiro programa de resgate aplicado à Grécia está na base da mudança de perspetiva da Standard & Poor’s Christian Hartmann - Reuters

Perante o que considera ser o risco inerente ao terceiro programa de resgate financeiro da Grécia, a agência de rating Standard & Poor’s decidiu nas últimas horas degradar a perspetiva para a União Europeia. Abre-se a possibilidade de um corte da notação do bloco nos próximos dois anos.

De “estável” passa a “negativo”. A S&P acaba de rever em baixa o seu outlook para a União Europeia como um todo, o que empresta corpo ao cenário de um corte efetivo do rating até 2017. A atual notação é de AA+.

Na base desta decisão está o denominador comum aos sucessivos abalos dos últimos meses nas estruturas de Bruxelas: a crise grega e a resposta dos diretórios europeus, com a tónica da agência a recair sobre o alcance dos compromissos assumidos a 13 de julho.

Sem o expressar diretamente, a Standard & Poor’s deixa no ar a dúvida sobre a capacidade do Governo de Alexis Tsipras para reembolsar os credores internacionais do Estado helénico.

“O facto de a União Europeia recorrer de forma repetido aos seus fundos de caixa para ajudar financeiramente Estados-membros com altos riscos, sem que estes paguem”, é a razão enunciada pela agência norte-americana.
Outras preocupações
Mas há mais inquietações nas colunas das folhas de cálculo da agência. Desde logo o chamado plano Juncker, que recebeu o nome do presidente da Comissão Europeia e passa pela mobilização de 315 mil milhões de euros de investimentos em três anos.

A Standard & Poor’s manifesta também preocupação com a possibilidade de o Reino Unido abandonar a União Europeia depois do referendo previsto para 2016. Isto porque o país de David Cameron é, juntamente com Alemanha e França, um dos pilares do orçamento comunitário.
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