Três dezenas de ONG e 400 mil pessoas pedem fim do bloqueio israelita a Gaza

por Lusa

Jerusalém, 26 ago (Lusa) -- Trinta e seis organizações não-governamentais (ONG) e mais de 400 mil pessoas assinaram uma petição para solicitar o fim do bloqueio israelita à Faixa de Gaza e exigir a reconstrução do território.

O anúncio da petição, hoje, surge quando se cumpre um ano após o fim da guerra que destruiu parte do território.

"Conseguimos em 24 horas mais de 400 mil assinaturas. É uma resposta surpreendente e mostra claramente que o mundo sabe o que se passa em Gaza e que se preocupa. Isso é o que tentamos transmitir aos líderes políticos: que o mundo pede uma solução", afirmou Willow Heske, porta-voz da Aida, uma das ONG que impulsionou a iniciativa, em declarações à agência Efe.

A petição, que recolhe assinaturas através da plataforma digital da organização Avaaz, e que compilou apenas num dia mais de 414.000 apoios, é impulsionada por 36 organizações não-governamentais.

A iniciativa pede que "se levante o bloqueio, tal como solicitado pela ONU, e que se retirem as restrições à entrada de materiais de construção de que necessitam desesperadamente, como madeira, aço, cimento e cascalho".

"Durante um ano inteiro, o governo israelita restringiu a entrada de materiais de construção básicos e essenciais em Gaza. Nenhuma das 19 mil casas que foram bombardeadas e destruídas foi reconstruída na íntegra. Um ano depois, cerca de 100 mil palestinianos estão sem casa, hospitais e escolas encontram-se em ruínas e bairros completos não têm acesso a água corrente", refere o documento.

Os signatários pedem "ações urgentes para acabar com esta injustiça" e instam os governos a exigir a Israel que deixe de impedir a reconstrução".

Segundo o documento, apenas 5% dos cerca de sete milhões de toneladas de materiais de construção necessários puderam entrar no território.

"A este ritmo, pode passar 17 anos até que se reconstrua Gaza", estima-se na nota, em que também se acusam as fações palestinianas de não se reconciliarem e de não darem prioridade à reconstrução.

Também são feitos reparos ao encerramento da fronteira por parte do Egito, se bem que o grosso das críticas recai sobre Israel e os seus oito anos de bloqueio.

"Enquanto Israel justifica as restrições com motivos de segurança, a ONU e o Comité Internacional da Cruz Vermelha têm assinalado que o bloqueio é uma violação da lei internacional", refere o comunicado, em que se acusa o país de "castigar civis por atos sobre os quais não têm qualquer responsabilidade".

Israel impede a entrada em Gaza de materiais que podem ter um "duplo uso", argumentando que a madeira, aço e cimento podem ser utilizados pelas milícias na Faixa de Gaza para construir túneis que lhes permitam receber armamento a partir do Egito ou entrar em território israelita.

Após 51 dias de sangrenta guerra, na qual morreram mais de 2.200 palestinianos (na sua maioria civis) e 73 israelitas (na sua maioria soldados), Israel e Hamas acordaram, em 26 de agosto de 2014, um cessar-fogo, respeitando em grande medida, com pontuais violações protagonizadas por ambos os lados.

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