Ulrich diz que conflito entre acionistas do BPI "só pode acabar bem"

por Lusa

O presidente executivo do BPI disse hoje que "só pode acabar bem" o diferendo entre os principais acionistas do banco, os espanhóis do CaixaBank e a angolana Santoro, lamentando que ainda não haja acordo.

"Isto só pode acabar bem, como e quando não sei", afirmou hoje Fernando Ulrich, em Lisboa, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do BPI referentes ao primeiro trimestre, no qual os lucros aumentaram 48,3% para 45,8 milhões de euros.

O presidente do BPI garantiu ainda que, até ao momento, o processo que está a decorrer no banco "não teve qualquer custo, nem para o BPI nem para o BFA [Banco de Fomento Angola]".

A operação do BPI em Angola é de momento a mais lucrativa do banco, sendo que no primeiro trimestre contribuiu com 37 milhões de euros, ou seja, 77% do total dos lucros.

No entanto, essa operação tem estado no centro de um `imbróglio` entre os principais acionistas do banco, o banco espanhol CaixaBank e a empresa angolana Santoro, da empresária Isabel dos Santos, desencadeada pela necessidade de ser reduzida a exposição naquele país para cumprir as novas regras do Banco Central Europeu (BCE).

O espanhol CaixaBank tem 44,10% do capital social do BPI, mas só pode exercer 20% dos votos devido à blindagem dos estatutos, o que lhe dá um poder semelhante ao da empresa angolana Santoro, que tem 18,58% do capital.

Espanhóis e angolanos deviam ter chegado a um entendimento até 10 de abril, prazo dado pelo BCE, e nessa data foi dado sinal de que havia acordo. No entanto, esse viria a ser quebrado, com troca de acusações mútuas entre CaixaBank e Santoro.

Na sequência disso, o espanhol CaixaBank anunciou a intenção de lançar uma Oferta Pública de Aquisição de ações (OPA) voluntária sobre o BPI, oferecendo 1,113 euros por cada ação do banco que não controla (55,9%).

Já a 20 de abril foi publicado em Diário da República o diploma que abre caminho à desblindagem dos estatutos no BPI, naquilo que foi entendido por Isabel dos Santos como uma forma de o Governo português "favorecer uma das partes", tendo mesmo chamado à legislação o "diploma BPI".

A questão da negociação continua, contudo, uma vez que tem de ser resolvida a questão da exposição a Angola.

O que acontece é que o BCE considera Angola como um dos países que não tem uma regulação e supervisão semelhantes às existentes na União Europeia, pelo que o BPI tem de reduzir a sua exposição ao mercado angolano (dívida pública e a exposição ao BFA, onde detém 50,1%) ou contabilizá-la a 100%, que Frankfurt estima em 5.000 milhões de euros.

 

Tópicos
pub