Atentado em Nice: o que já se sabe?

por Christopher Marques - RTP
Eric Gaillard - Reuters

Pelo menos 84 pessoas morreram esta sexta-feira em Nice na sequência de um novo ataque. Um camião abalroou uma multidão que assistia ao fogo-de-artifício do 14 de julho. O condutor acabou por ser abatido pela polícia. O atentado ainda não foi reivindicado.

O ataque ocorreu por volta das 23h00 locais na Promenade des Anglais, uma das mais turísticas artérias da cidade de Nice, no sudeste de França. A multidão assistia ao tradicional fogo-de-artifício que marca o fim das festividades do 14 de julho, o dia nacional francês.

No fim do fogo-de-artifício, um veículo abalroou a multidão, tendo derrubado pessoas ao longo de dois quilómetros. O presidente da região Provence-Alpes-Côte d’Azur indicou que o condutor do veículo foi abatido pelas autoridades depois de ter disparado por diversas vezes.

Christian Estrosi revelou ainda que foi encontrado armamento pesado no interior do veículo. O ataque provocou pelo menos 84 mortos, muitos deles crianças e mulheres. Há ainda mais de cem feridos, dos quais pelo menos 18 estão em estado muito grave. Os números foram atualizados pelo Ministério do Interior já durante a manhã de sexta-feira.

Durante a noite surgiram rumores de que haveria uma tomada de reféns num hotel de Nice, uma informação prontamente desmentida pelas autoridades francesas.
Quem é o condutor?
A identidade do condutor não foi ainda revelada pelas autoridades francesas. Fonte policial revelou à France Presse que foram encontrados documentos de identificação de um cidadão franco-tunisino no veículo.

À agência Reuters, fonte policial indicou que este franco-tunisino não estava referenciado pelos serviços de informação franceses mas que era já conhecido das autoridades policiais por delitos como roubo e violência.

O porta-voz do Ministério do Interior revelou haver investigações em curso para saber se “o indivíduo agiu isoladamente ou se tem cúmplices que terão fugido”.
Trata-se de um atentado terrorista?
Numa alocução ao país às 3h45 locais, François Hollande disse que era impossível negar o carácter terrorista deste atentado de extrema violência. O Presidente francês ordenou já a mobilização de 10 mil militares para garantir a segurança do país e convocou os reservistas.

O chefe de Estado anunciou ainda que será prolongado o Estado de Emergência que vigora já desde os atentados de novembro. François Hollande tinha referido durante o dia, na tradicional entrevista televisiva do 14 de julho, que o Estado de Emergência seria levantado a 26 de julho. Este novo ataque vem motivar novo prolongamento pelo menos até outubro.

O desastre está a ser investigado pelo departamento de combate ao terrorismo da procuradoria de Paris. O ataque não foi ainda reivindicado por qualquer organização terrorista. No entanto, Le Monde assinala que este tipo de ação parece responder a um apelo feito em setembro de 2014 por um porta-voz do autoproclamado Estado Islâmico.

"Se não conseguem encontrar um engenho explosivo ou munições, então isolem o americano infiel, o francês infiel ou qualquer um dos seus aliados. Esmaguem-lhe a cabeça com pedras, matem-nos com uma faca, derrubem-no com o vosso carro", especificava Al-Adnani numa gravação audio.
Há portugueses entre as vítimas?

O Governo português adianta por enquanto que não já ainda informação sobre eventuais vítimas portugueses deste ataque. O secretário de Estado das Comunidades apela aos cerca de 10.000 portugueses que vivem na região para que estabelecem contacto com os consulados.

O Presidente da República de Portugal já enviou condolências ao chefe de Estado francês. Num telegrama, Marcelo Rebelo de Sousa diz que foi com grande consternação que tomou conhecimento do hediondo atentado num dia tão especial para França.

António Costa também enviou uma mensagem de condolências ao Presidente francês François Hollande e ao primeiro-ministro Manuel Valls. O governante repudia e condena os atentados em França.
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