Atirador do Thalys visionou propaganda islamita antes de ser travado pelos passageiros

por Christopher Marques - RTP
Pascal Rossignol - Reuters

Paris vai abrir um inquérito judicial por suspeitas de “tentativas de assassinato em conexão com um empreendimento terrorista“ depois dos incidentes da passada sexta-feira no comboio Thalys. O procurador François Molins especificou que Ayoub El-Khazzani estava fortemente armado, trazia uma garrafa de gasolina e utilizou o telemóvel para ver propaganda islamita antes de ter sido detido pelos passageiros. O suspeito nega qualquer intenção terrorista.

O Ministério Público francês parece não ter dúvidas: na passada sexta-feira, o marroquino Ayoub El-Khazzani estava preparado para cometer um atentado terrorista. O suspeito estava armado com uma espingarda de assalto, transportava consigo 270 munições e uma pistola automática Luger.

Trazia ainda consigo uma garrafa de meio litro que continha gasolina, revelou o procurador François Molins, na conferência de imprensa que se realizou esta terça-feira.O suspeito estava armado com uma espingarda de assalto, transportava consigo 270 munições e uma pistola automática Luger.

Apesar das fortes suspeitas, Ayoub El-Khazzani negou qualquer intenção de cometer um ato terrorista.

De acordo com Le Monde, El-Khazzani referiu ainda que encontrou as armas num parque de Bruxelas e que tinha apenas a intenção de fazer reféns a bordo do comboio que ligava Amesterdão e Paris, para pedir um resgate.

As autoridades francesas classificam estas explicações de “fantasistas”, e revelam que o suspeito se tem mostrado cada vez mais “evasivo” ao longo do interrogatório. El-Khazzani tem ainda alegado falhas de memória.
Ataque "premeditado"

O trajeto de El Khazzani ao longo dos últimos meses aumenta as suspeitas francesas. O marroquino circulava pelo continente europeu desde dia 4 de junho, quando chegou a bordo de um avião proveniente de Atankya, uma cidade turca que fica próxima da fronteira com a Síria. El-Khazzani utilizou o seu telemóvel para ver um vídeo do Youtube. O ficheiro, consultado já quando se encontrava a bordo do comboio de alta velocidade Thalys, apela a ações violentas em nome do Islão.

Para além de estar assim aberta a possibilidade de o suspeito ter permanecido em território controlado pelo autoproclamado Estado Islâmico, El-Khazzani utilizou o seu telemóvel para ver um vídeo do Youtube.

O ficheiro, consultado já quando se encontrava a bordo do comboio de alta velocidade Thalys, apela a ações violentas em nome do Islão.

O Procurador da República de Paris reforçou esta terça-feira que o ataque era um projeto “premeditado”, e revelou que El-Khazzani recusou viajar noutros comboios que precederam o Thalys 9364 e onde havia lugares disponíveis.

A investigação avança agora para perceber como foram obtidas as armas transportadas por El-Khazzani, as suas fontes de financiamento, eventuais cúmplices e pessoas com quem se pode ter envolvido.

El-Khazzani foi detido na passada sexta-feira quando se preparava para iniciar um ataque a bordo do comboio que efetuava a ligação entre Amesterdão e Paris. O suspeito foi travado por três norte-americanos e um britânico, que assim evitaram o que poderia ter sido um verdadeiro massacre.

Reportagem de Pedro Oliveira Pinto e Virgílio Matos - RTP

Apesar de ter sido neutralizado, o atirador ainda conseguiu ferir um passageiro com um disparo e esfaquear um dos militares. Os “heróis do Thalys”, como são já chamados, foram condecorados com a Legião de Honra, a mais alta distinção francesa.
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