Base turca de Incirlik: cada vez mais Rússia e cada vez menos NATO

por RTP
"Tornados" alemães, na base turca de Incirlik Tobias Schwarz, Reuters

Depois da transferência de ogivas nucleares norte-americanas para a Roménia, é agora a vez de a Força Aérea alemã preparar a retirada dos seus aviões de reconhecimento da base aérea turca.

A eventualidade da retirada dos aviões "Tornado", da Luftwaffe, teria custos consideráveis e obrigaria a procurar alternativas logísticas para a continuação das operações relacionadas com a guerra civil síria. Mas o site de Der Spiegel cita o especialista social-democrata em política de defesa Rainer Arnold a considerar provável essa eventualidade.

Sucede que, depois da votação do Parlamento alemão reconhecendo a existência de um genocídio arménio, a Turquia tem retaliado com a proibição de deputados alemães visitarem as tripulações desses aparelhos em Incirlik. Ora, segundo Arnold, "se a visita aos soldados não for permitida, está posta de parte uma renovação do mandato".

O responsável social-democrata refere-se ao mandato aprovado no Parlamento para a presença militar alemã na Turquia, focada na guerra em curso na Síria. Esse mandato expira em Dezembro deste ano e não poderá ser renovado se não contar com os votos favoráveis do SPD. Arnold avisa também o Governo federal que "tem de começar já a procurar outros locais para os soldados alemães".

A Turquia tinha proibido uma visita do secretário de Estado alemão Ralf Brauksiepe à base de Incirlik, agendada para o Verão. Depois proibiu uma visita de jornalistas. Depois, ainda, a Comissão de Defesa do Bundestag (Parlamento Federal alemão) decidiu visitar a base em Setembro, e também essa visita foi proibida pelo primeiro ministro turco Binali Yildirim.

A mesma reportagem de Der Spiegel cita fontes militares que consideram como um "pesadelo" a eventual resolução política de retirar os "Tornados" de Incirlik. As alternativas mais prováveis seriam em Chipre ou na Jordânia - bases, ambas, com vários inconvenientes na comparação com Incirlik, e desde logo com o inconveniente de obrigarem a pelo menos dois meses de inactividade na frente síria.

O Ministério da Defesa confirmou indirectamente as declarações da Arnold ao afirmar: "Gostaríamos de continuar a nossa intervenção para a coligação a partir da Turquia, mas não temos falta de alternativas à base de Incirlik".
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