Um homem fez-se explodir esta sexta-feira no meio de uma procissão de muçulmanos xiitas numa localidade do nordeste da Nigéria. De acordo com a organização do evento, há "dezenas de mortos". Um cúmplice foi detido e confessou terem sido enviados pelo Boko Haram.
"Perdemos 21 pessoas e várias outras ficaram feridas", declarou à imprensa Muhammad Turi, membro do Movimento Islâmico da Nigéria.
De acordo com o sheikh Ibrahim Zakzaky, líder deste Movimento, "havia uma grande multidão" e por isso foi difícil "fazer uma contagem precisa das vítimas".
Na página oficial do Movimento Islâmico na Nigéria, o sheikh diz que um primeiro homem-bomba terá sido detido, confessando que havia um outro no meio da multidão. Este homem ter-se-á apercebido da detenção do seu cúmplice e correu para o centro da multidão, onde detonou os explosivos, escreve a France Presse.
"Ele estava vestido de preto, como todos os outros. O seu cúmplice tinha sido detido e ele confessou que tinham sido enviados pelo Boko Haram", acrescentou.
"Eles faziam parte dos jovens raptados pelo Boko Haram na cidade de Mubi, no ano passado, e levados para a floresta de Sambisa, onde foram submetidos a treinos militares. Foram enviados para Kano há 11 dias e mantidos numa casa especialmente para prepararem este ataque", especificou o organizador da procissão.
Boko Haram aliado do Estado Islâmico
As ligações étnicas tecidas pelo Boko Haram nas regiões do nordeste da Nigéria e a corrupção endémica no país são os melhores aliados dos rebeldes islâmicos, apesar das recentes vitórias das forças de segurança.
A maior parte das 1.500 mortes registadas desde que o Presidente Muhammadu Buhari tomou posse, em maio deste ano, ocorreram em ataques no nordeste, o berço do Boko Haram.
Esta organização quer estabelecer um Estado Islâmico rigoroso no nordeste da Nigéria - sendo afiliada do grupo jihadista com a mesma designação - e já fez pelo menos 17 mil mortos e 2,6 milhões de deslocados desde 2009.
Também perpetrou ataques nas regiões fronteiriças dos Camarões, Chade e Níger.
É em Maiduguri, a capital do Estado de Borno, onde o Boko Haram foi fundado em 2002, que se registam os números mais elevados. Pelo menos 170 pessoas morreram desde setembro em ataques suicidas ou atentados provocados pelo grupo.
