Campanha de Clinton acusa Rússia por novo ciberataque

por RTP
Steve Marcus, Reuters

Um novo ataque de hackers está a preocupar os responsáveis da campanha de Hillary Clinton. O primeiro suspeito, a quem apontam o dedo acusador, é o serviço secreto russo, GRU.

Um funcionário do FBI citado pelo New York Times declarou ontem à noite que o ciberataque parecia provir dos serviços secretos russos. A campanha da candidata democrata à Presidência afirmou, por seu lado, que os hackers tinham acedido a um programa utilizado pela campanha, mas que não julgava que o próprio sistema de computadores interno da campanha estivesse comprometido.

O Comité Democrático da Campanha do Congresso, que trata da recolha de fundos, registou também um ciberataque. A sua base de dados contém informação financeira sensível sobre doadores e votantes mas, segundo afirmou, não contém os números de segurança social ou de cartões de crédito dessas pessoas e confia que os hackers não tivessem ganho acesso a e-mails e mensagens de voz.

Segundo Meredith Kelly, uma porta-voz do Comité do Congresso, "imediatamente tomámos medidas e fizemos intervir CrowdStrike, uma destacada entidade de investigação forense, para ajudar-nos a lidar com este incidente".

Dessa investigação forense resulta, para já, a convicção de que o cibertatque terá provindo de uma organização designada como Fancy Bear, relacionada com o serviço de informações militares russo, GRU. Um funcionário da investigação referiu antecedentes de Fancy Bear e comentou: "Trata-se de agentes sofisticados".

Por seu lado, o FBI afirmou que está também a investigar "ciberintrusões envolvendo múltiplas entidades políticas", mas declinou indicar de quem poderia tratar-se.

A revelação sobre o novo ciberataque surge na sequência da embaraçosa revelação na semana passada de 20.000 e-mails do Comité Nacional Democrático, por parte da plataforma Wikileaks, que tiveram como efeito imediato a renúncia da congressista Debbie Wasserman Schultz ao seu lugar na liderança partidária.

O responsável de WikiLeaks, Julian Assange, declarou, por outro lado, que tem muito mais material para divulgar, que poderá prejudicar as ambições eleitorais de Hillary Clinton e que, na verdade, reduziram o impacto da Convenção e o ambiente apoteótico que era suposto rodear a investidura da candidata e relançar a sua campanha.

O director da CIA, John O. Brennan, em declarações no Aspen Security Forum, não quis apontar o dedo a nenhum suspeito, mas foi dizendo que "obviamente uma interferência no processo eleitoral dos EUA é um assunto muito, muito sério e penso que certamente o Governo o trataria com grande seriedade".

Contraditoriamente, as agências de informações norte-americanas têm feito saber que consideram provada a responsabilidade russa nestes incidentes, deixando apenas de pé a dúvida entre tratar-se de operações de espionagem mais ou menos rotineiras, ou de uma verdadeira tentativa para influenciar o desfecho da contenda presidencial norte-americana, que nesse caso teria provavelmente continuidade nos próximos tempos.

Os responsáveis da campanha de Clinton têm criticado Trump por pedir à Rússia que procure os 30.000 e-mails apagados do tempo de Clinto como secretária de Estado e por manifestar a sua admiração pelo presidente russo. Têm, nesse contexto, admitido como provável que uma organização russa esteja por trás dos ciberataques - mas admitindo ao mesmo tempo que não têm provas disso.
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