China apela ao diálogo com a UE e empresas para solucionar disputas no setor do aço

por Lusa

O Governo chinês defendeu hoje que a solução para as disputas comerciais que mantém com a União Europeia (UE) em torno da indústria do aço deve passar pelo diálogo entre os executivos e as empresas.

"Temos que nos sentar e falar sobre isso", disse o ministro do Comércio da China, Gao Hucheng, durante uma conferência de imprensa em Pequim, defendendo também o direito do seu país de responder às acusações por parte das empresas europeias.

Representantes do setor siderúrgico na Europa saíram na semana passada às ruas em Bruxelas para protestar contra a prática de `dumping` pela China (produção subsidiada que mantém o preço abaixo do custo de fabrico).

A Comissão Europeia colocou já em marcha investigações sobre três produtos siderúrgicos importados do país asiático, para determinar se foram introduzidos no mercado comunitário recorrendo a concorrência desleal.

"É preciso deixar claro que isto é, antes de nada, o funcionamento do mercado, e não dos governos da UE ou da China. A China salvaguardará o direito de responder, de acordo com as normas da OMC (Organização Mundial do Comércio) ", vincou Gao.

O ministro lembrou que as normas da OMC obrigam os governos a aceitar as acusações sobre `dumping` e a estudar as mesmas.

"É um problema global que requer colaboração", disse ainda sobre o excesso de produção de aço.

A indústria siderúrgica do país asiático produz mais do que os outros quatro gigantes do setor - Japão, Índia, Estados Unidos e Rússia - combinados, segundo a Associação Mundial do Aço.

Pequim anunciou, no início do mês, planos para reduzir o excesso de produção na indústria do aço chinesa, ao longo dos próximos cinco anos, com um corte anual de entre 100 a 150 milhões de toneladas - 12,5% do total produzido pelo país.

Gao afirmou que a segunda maior economia mundial mantém uma "boa colaboração" neste campo com os Estados Unidos, UE e outros países, e que desde há mais de uma década participa dos diálogos sobre a indústria siderúrgica promovidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)

"Com os nossos sócios comerciais mais importantes temos gerido os desacordos comerciais através do diálogo entre as indústrias", afirmou o ministro do Comércio.

Gao apontou como exemplo as negociações sobre as exportações de painéis solares da China para a UE, que se saldaram num acordo entre as empresas dos dois lados.

"Como o maior comerciante de bens do mundo, é bastante compreensível que tenhamos tantos casos e apenas temos que lidar com isso de forma justa", concluiu.

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