Clinton luta contra excesso de confiança enquanto Trump teme Guerra Mundial

por Christopher Marques - RTP
A ex-primeira-dama recupera declarações de Trump no último debate para o atacar e incentiva os norte-americanos a irem votar. Carlos Barria - Reuters

A menos de duas semanas das eleições, Donald Trump e Hillary Clinton preparam os últimos argumentos. O candidato republicano acredita que a política externa de Clinton conduziria o globo a uma III Guerra Mundial. Por sua vez, a ex-primeira-dama recupera declarações de Trump no último debate para o atacar e incentiva os norte-americanos a irem votar, consciente dos perigos da eleição ser já vista como favas contadas pelos seus eleitores.

A proximidade nas intenções de voto entre Donald Trump e Hillary Clinton era uma preocupação para os democratas, muitos norte-americanos e os líderes ocidentais em geral. Agora que Clinton descolou nas sondagens, muda o foco mas mantém-se o receio.

O facto é que, ao longo das últimas semanas, a vitória de Hillary Clinton tem-se apresentado como um cenário, se não adquirido, altamente provável. Afinal, as polémicas sexistas de Donald Trump, o afastamento do Grand Old Party e as prestações nos confrontos televisivos ajudaram Trump a descer nas intenções de voto.

Os democratas crescem nas sondagens e conseguem diferenças superiores a dez por cento em alguns estudos de opinião. A corrida ao voto antecipado apresenta-se favorável a Clinton em Estados como a Florida, o Colorado e o Nevada. Como nunca até agora, o tabuleiro apresenta-se acordante com os objetivos da candidata.

O receio é precisamente esse: que a maré baixa em que navega a campanha faça com que os eleitores desistam de votar. Hillary Clinton luta agora contra a presunção de que a eleição está ganha, uma guerra especialmente relevante em Estados como a Florida.

“Espero que irão votar porque vai ser uma eleição renhida. Não liguem às sondagens. Não se esqueçam", exortou durante um comício em Coconut Creek, na Florida. Junto a ela, um sinal a apelar aos norte-americanos para que votem antecipadamente.
Como Trump vê o pai dos EUA?
Preocupada com um excesso de confiança do seu eleitorado, Hillary Clinton não deixa de atacar o concorrente. A ex-secretária de Estado retoma uma das polémicas declarações de Donald Trump no terceiro debate televisivo quando o magnata não se comprometeu a reconhecer uma vitória de Clinton nas eleições.

“A primeira coisa que um Presidente faz é jurar preservar, proteger e defender a Constituição. Tenho sérias dúvidas que Donald Trump saiba sequer o que isto significa”, acusou a candidata.

Recorrendo à história, Hillary Clinton disse mesmo que Trump consideraria o primeiro Presidente dos Estados Unidos, George Washington, um “falhado” por ter recusado ser rei.

“Na América, não dizemos que vamos manter o suspense quanto ao respeito pelo resultado de uma eleição. Temos eleições livre e justas e uma pacífica transmissão de poder”, afirmou, concluindo com uma alusão ao lema de Trump: That is one thing that makes American great.
Apelo ao voto antecipado
A ex-secretária de Estado insistiu no apelo para que a Florida aflua às urnas, nomeadamente recorrendo ao voto antecipado. Um dos objetivos da campanha democrata é conseguir uma vantagem suficiente para que não haja espaço para surpresas no dia 8 de novembro.

Afinal, o recurso ao voto antecipado tem crescido substancialmente nos Estados Unidos. Em 2000, 16 por cento dos votos foram registados antes do dia 8 de novembro. Os eleitores norte-americanos vão escolher a 8 de novembro os membros do colégio. Serão os 538 cidadãos eleitores que escolherão o próximo Presidente dos EUA.

Em 2012, foram 35 por cento dos votos e acredita-se que a percentagem de votos antecipados poderá chegar aos 40 por cento em 2016.

Na Florida, mais de 56 por cento dos votos foram previamente registados em 2012.

Este Estado apresenta-se como crucial na corrida à Casa Branca, não tendo tendência política definida. Votou em George W. Bush em 2000 e 2004 - em 2000 o Estado foi foco de polémica, com o então candidato democrata Al Gore a alegar a existência de uma fraude -, tendo depois votado em Barack Obama em 2008 e 2012.

Agora Hillary Clinton está na frente para recolher o voto dos 29 representantes da Florida no Colégio dos Estados Unidos, um dos maiores do país.
III Guerra Mundial
A importância da Florida também não é descurada por Donald Trump, que também marcou presença neste Estado na terça-feira.

Arregimentado com o aumento de preços nos controversos planos de saúde promovidos por Barack Obama, o magnata atacou o Obamacare, comprometendo-se a acabar e substituir o programa. “Sou o único candidato a Presidente que o irá fazer”, garantiu.

Ataque a Obama, mas foco sempre em Hillary Clinton. Donald Trump ataca a política externa da candidata democrata, argumentando que esta causará o início da III Guerra Mundial. O magnata argumenta que os EUA já não estão apenas contra a Síria, mas também contra Teerão e Moscovo, recordando que a Rússia é uma potência nuclear.

Numa entrevista à Reuters, o candidato defendeu que a prioridade deve ser derrotar o proclamado Estado Islâmico e não persuadir Bashar al-Assad a abandonar o poder.

O polémico republicano questiona ainda a capacidade de Hillary Clinton em negociar com Vladimir Putin. Na resposta, o campanha democrata assinala que Donald Trump não tem capacidade para ser comandante supremo.

O CNN Poll of Polls, que agrega diferentes sondagens, atribui 48 por cento das intenções de voto a Hillary Clinton e 39 por cento a Donald Trump. O The New York Times Poll of Polls atribui 46,3 por cento a Clinton contra 40,6 por cento a Trump.
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