Coreia do Sul abandona complexo industrial partilhado com o Norte

por Graça Andrade Ramos - RTP
O complexo industrial de Kaesong para lá da zona desmilitarizada que divide a Península Coreana, visto a partir do observatório Dora em Paju, 55 quilómetros a norte de Seul Lee Jae-Won - Reuters

Seul anunciou que irá encerrar a sua participação no complexo industrial de Kaesong e que deverá retirar o mais depressa possível os seus trabalhadores do local. É a reação depois do lançamento de um satélite, domingo passado, pela Coreia do Norte.

Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão desconfiam que o lançamento encobriu um teste de lançamento de mísseis. Washington já avisou que a Coreia do Norte poderá ter em breve plutónio suficiente para fabricar armas nucleares. Pyongyang anunciou a 6 de janeiro de 2016 ter detonado a primeira bomba miniatura de hidrogénio do mundo.

O ministro para a Unificação, Hong Yong-pyo, afirmou em conferência de imprensa que Pyongyang já foi notificada dos planos para a suspensão das operações em Kaesong.

Kaesong é o único complexo fabril remanescente de um projeto de cooperação económica entre ambas as Coreias.

O abandono do projeto ficou a dever-se, de acordo com Hong Yong-pyo, à necessidade de "evitar que os fundos do Complexo Industrial Kaesong sejam usados pela Coreia do Norte para o desenvolvimento dos seus programas de mísseis e de armas nucleares".

"Todos os nossos apoios e esforços foram aproveitados pelo Norte para desenvolver os seus programas", afirmou Hong Yong-pyo.

O complexo industrial rende a Pyongyang 100 milhões de dólares anuais, só em salários, e é uma das suas maiores fontes de rendimento.

Também em reação ao lançamento oficial norte-coreano, o Japão decidiu esta quarta-feira agravar as suas sanções contra o regime norte-coreano.

Em comunicado Tóquio anunciou que vai encerrar os seus portos a todos os navios norte-coreanos, "incluindo os de caracter humanitário", e os navios de "países terceiros" que regressem da Coreia do Norte.
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