Dezanove mortos confirmados em ataque aéreo a um hospital de Kunduz

por RTP
Reuters

Um ataque aéreo atribuído aos americanos sobre um hospital em Kunduz, no Afeganistão, fez pelo menos 19 mortos. Entre as vítimas, 12 são membros dos Médicos Sem Fronteiras.

O bombardeamento, que atingiuv o hospital dos Médicos Sem Fronteiras na cidade Afegã de Kunduz, fez ainda 37 feridos, numa altura em que dezenas de pessoas estão ainda desaparecidas.

Entre os mortos estão 12 membros dos Médicos Sem Fronteiras, quatro pacientes adultos e três crianças, afirmou a ONG no Twitter.

A porta-voz dos MSF, Kate Stegeman confirmou depois à Agência France Press as informações sobre os mortos, acrescentando que 37 pessoas ficaram feridas.

A NATO fala em danos colaterais. Reconhece que um ataque americano "pode ter causado estragos colaterais num centro médico que se encontrava nas proximidades".
Rita Marrafa de Carvalho, Nuno Castro

Fontes da ONG francesa garantem contudo que o bombardeamento prosseguiu "durante mais de meia-hora" depois de tanto os exércitos afegão como norte-americano terem sido avisados de que o edifício abrigava um hospital.
Desculpas da NATO
Fontes do Pentágono garantem que o ataque está a ser investigado.

Ashton Carter, secretario da Defesa dos EUA, diz que um "inquérito exaustivo" está já em curso, sem contudo confirmar se forma forças americanas as responsáveis pelo bombardeamento.

Carter afirmou somente que "as forças americanas em apoio às forças afegãs, operavam nas proximidades, tal como os talibã".

O gabinete do Presidente afegão afirmam que o comandante das forças da NATO no Afeganistão, o general do exército John Campbell, telefonou ao Presidente Ashraf Ghani, a oferecer condolências pelo bombardeamento do hospital.

Num primeiro momento a gabinete de Ghani afirmou que Campbell telefonara a pedir "desculpas" pelo incidente mas depois retractou-se.

Não foi possível confirmar de imediato a informação junto do comando da NATO.
ONU: "crime de guerra"
A ONU reagiu em choque. Diz que o ataque aéreo é "inadmissível" e fala em "crime de guerra".

"Este incidente é profundamente trágico, indesculpável e possivelmente criminoso" afirmou em comunicado  Zeid Ra'ad Al Hussein, Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos.
João Botas

O Alto Comissário apelou a um inquérito profundo e transparente, referindo que, "se for reconhecido pela justiça como deliberado, o bombardeamento pode constituir um crime de guerra".

"As estratégias militares internacionais e afegãs têm obrigação de respeitar e proteger as populações civis em todos os momentos e os estabelecimentos médicos e o seu pessoal são objeto de uma proteçao especial", prossegue o comunicado de Zeid.

"Estas obrigações aplicam-se qualquer que seja a força aérea empregue e independentemente de localização".
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