Wahida Mohamed tem 39 anos e já perdeu dois maridos, os filhos, o pai e irmãos. Todos assassinados pela al Qaeda e pelo Estado Islâmico desde que os extremistas invadiram o Iraque em 2003. Agora, é ela o terror dos islamitas nas diferentes versões que estes assumiram ao longo dos anos.
Táticas que lhe valeram ameaças do próprio líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Bagdadi. O grupo já tentou assassiná-la seis vezes, usando carros armadilhados. Em vez de se acobardar, ela publica fotos a brandir as cabeças dos inimigos.
Nada a detém na sua vingança. "Estou no topo da lista dos procurados" do Estado Islâmico", diz Mohammed. "Acima até do primeiro-ministro".
Tem o corpo coberto de cicatrizes de explosivos, mas não desiste. "Nada disto alguma vez me deteve e vou continuar a lutar", garante.
Doze anos de luta
Na sua imagem de marca, Wahida Mohamed, também conhecida como Om Hanadi, exibe um machete e uma pistola. Está habitualmente acompanhada de alguns dos homens da brigada tribal que comanda sem hesitações e que inclui cerca de 70 combatentes.
Juntos conseguiram expulsar os militantes do Estado Islâmico da sua aldeia de Shirquat, 50 quilómetros a sul de Mossul, Iraque.
"Comecei a lutar contra os terroristas em 2004, a cooperar com as forças de segurança iraquianas e a coligação", diz Mohammed. Tornou-se assim um alvo dos grupos que eventualmente formaram a al Qaeda na Mesopotâmia que depois se metamorfoseou em Estado Islâmico.
Ao longo dos anos, ela perdeu o primeiro marido em combate. Voltou a casar mas o Estado Islâmico matou-lhe o segundo marido no início deste ano. Matou-lhe igualmente o pai e três irmãos. E as ovelhas, o cão e os seus pássaros.
Coberta de cicatrizes
"Recebi ameaças da liderança do EI, incluindo do próprio Abu Bakr", afirma Wahida. "Mas recusei".
E conta pelos dedos as vezes que os extremistas colocaram carros armadilhados à sua porta: "2006, 2009, 2010, três carros armadilhados em 2013 e em 2014".
Escapou por pouco. "Tentaram assassinar-me sete vezes", afirma. E afasta o lenço para mostrar as cicatrizes. "Tenho estilhaços na cabeça e as costelas partidas".
"Mas nada disto me impediu de lutar". Hanadi disse à CNN que já comandou inúmeras vezes os seus homens em batalha contra o EI.
E o general Jamaa Anad, que lidera as forças terrestres da província de Salahudin, afirma que lhe fornece veículos e armas. Um homem descrito como baixo e entroncado, de poucas palavras, Anad justificou simplesmente o seu apoio a Mohammed: "Ela perdeu os irmãos e maridos como mártires".
Wahida Mohammed tem ainda duas filhas, igualmente treinadas para lutar. "Mas para já estão em casa a cuidar dos filhos", diz a mãe.