Europa e África discutem crise dos refugiados em Malta

por João Ferreira Pelarigo - RTP
Pelo menos 14 pessoas morreram esta quarta-feira na sequência de um naufrágio ao largo da Turquia; estes migrantes tentavam chegar à Grécia Alkis Konstantinidis, Reuters

Dirigentes dos 28 Estados-membros da União Europeia e de 35 países africanos reúnem-se a partir desta quarta-feira numa cimeira em Malta para debater a crise dos refugiados. O objetivo desta reunião, que se prolonga por dois dias, é encontrar soluções comuns para os migrantes.

Em La Valletta, a capital de Malta, a União Europeia vai pedir aos países de África que recebam os migrantes deste continente em situação irregular na Europa, com a promessa de ajudas reforçadas ao desenvolvimento.

"Esta cimeira é uma cimeira para agir", disse na terça-feira o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, ao Parlamento da ilha do Mediterrâneo. "Este ano, segundo as estatísticas mais recentes, cerca de 1,2 milhões de pessoas entraram ilegalmente na UE, sobretudo por via marítima", afirmou Tusk, citado pela agência France Presse.
O mais recente naufrágio de uma embarcação com migrantes aconteceu esta quarta-feira. Pelo menos 14 pessoas, entre as quais sete crianças, morreram ao largo da Turquia na tentativa de chegar à Grécia.

As autoridades turcas resgataram da embarcação de madeira 27 pessoas, cuja nacionalidade não foi revelada. O barco foi atingido por uma tempestade, escreve a agência Dogan.

Esta cimeira estava planeada desde a primavera, aquando de um dramático naufrágio no Mediterrâneo que matou 800 pessoas.

O objetivo do encontro é estabelecer soluções comuns para os migrantes, mas também manter a coesão no seio da União Europeia.

Esta crise tem sido responsável pelo fecho de fronteiras, mais recentemente a da Eslovénia com a Croácia, decisões que minam a coesão da União.

A Eslovénia anunciou que vai estabelecer "obstáculos técnicos" na fronteira com a Croácia, incluindo cercas, se assim se justificar.

Os pedidos de asilo continuam a crescer e o fluxo de migrantes provenientes de África teima em não cessar. Os europeus estão determinados a travar aqueles que não forem considerados refugiados.

A cimeira deverá levar a um "plano de ação", com projetos concretos a serem implementados até ao final do próximo ano, e pretende-se a abordagem a preocupações de ambas as partes.
Incentivos ao desenvolvimento
Para incentivar os países africanos a "readmitir" migrantes, será oferecido apoio financeiro, logístico, mas também planos de reintegração direcionados.

Para promover a fixação dos africanos no seu continente, a União Europeia quer promover iniciativas de criação de emprego e estimular o investimento, especialmente em áreas rurais. O velho continente promete ainda ajudar os países africanos, como o Sudão, Camarões e Etiópia, no controlo da migração interna.

Para financiar estes projetos em África, a União Europeia vai criar um fundo de 1,8 mil milhões de euros pagos pela Comissão Europeia. O executivo comunitário instou ainda os Estados-membros a contribuírem também para aumentar os fundos.

Este montante será, assim, adicionado aos já 20 mil milhões de euros que os Estados-membros da União Europeia entregam todos os anos aos parceiros africanos em ajuda ao desenvolvimento.
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