"Um acordo militar e não político" para a Síria

por João Fernando Ramos, Rui Sá

Foto: Mukhtar Kholdorbekov - Reuters

Rússia, Irão e Turquia tentam um acordo "tático" para manter Bashar Al-Assad no poder na Síria. As conversações, que envolvem os rebeldes e opositores do regime, estão a decorrer em Astana, capital do Cazaquistão. A Rússia lidera um processo que Felipe Pathé Duarte considera não ter natureza estratégica. "Este é um acordo militar e não político", que no entanto o analista considera possa ter peso em futuras cimeiras de paz.

No meio de divergências e da falta da confiança, os emissários de Bashar al-Assad e dos grupos da oposição procuram um novo equilíbrio que não passe pelo regresso aos combates.

No Jornal 2 Felipe Pathé Duarte lembrou que o que está em cima da mesa não é de todo "um acordo político de paz. É antes um acordo de caráter militar que permita manter Bashar Al-Assad no poder".

O comentador do Jornal 2 e porta-voz do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo lembra que estas conversações só são possíveis depois da demonstração de capacidade que as forças governamentais demonstraram em Alepo.

"Estas negociações vão permitir ao Governo consolidar as suas conquistas no terreno, estão a dividir a oposição no plano político" e pretendem enviar uma mensagem clara. Com o apoio da Rússia e do Irão - e a não oposição da Turquia - os grupos opositores "ou entram no processo de governação de Bashar Al-Assad, ou são destruídos a exemplo do que fez a Rússia na Tchetchénia".
pub