Governo húngaro condecora ex-assessor de Durão Barroso pelos serviços prestados

por Lusa

O ex-deputado do Parlamento Europeu Mário David foi condecorado pelo primeiro-ministro húngaro pelos "serviços prestados" e por ser "um verdadeiro amigo" da Hungria que esteve ao lado do governo "mesmo quando outros lhe viraram as costas".

A informação é avançada pelo site oficial do governo, onde se lê que na passada quinta-feira o ex-assessor político de Durão Barroso e ex-secretário de Estado de Santana Lopes foi agraciado pelo primeiro-ministro Viktor Órban, numa cerimónia que se realizou na embaixada húngara em Lisboa.

O ex-deputado do PSD, Mário David, foi condecorado com o Grau de Cavaleiro da Ordem de Mérito da Hungria pelas suas ações no apoio aos interesses húngaros e por ter ajudado a melhorar "a perceção europeia sobre a Hungria".

"Como um verdadeiro amigo, ele esteve ao nosso lado mesmo em tempos em que os outros nos viraram as costas", afirmou o primeiro-ministro, sublinhando que é quando se está a ser atacado que se descobrem os verdadeiros amigos.

Em janeiro de 2012, quando a Hungria e o seu governo estavam "sob bombardeamentos", "a voz europeia e amiga" de Mário David estabeleceu a ordem "no caos da injustiça e de duras palavras", lembrou Órban durante a cerimónia.

"Quero agradecer ao Mário David por nos ter sempre apoiado, de forma a nos sentirmos em casa na União Europeia, mesmo quando estávamos sob o fogo dos atacantes", sublinhou.

Órban chegou a Lisboa na quinta-feira e participou no conclave do IDC, uma associação fundada em 1961 que agrupa os partidos políticos "democratas-cristãos e cristãos socialistas do mundo", de acordo com a uma nota enviada pelo PSD à imprensa.

O primeiro-ministro húngaro, no poder desde 2010 após ter ocupado pela primeira vez o cargo entre 1998 e 2002, tem-se revelado um firme opositor ao acolhimento de migrantes, com o seu Governo a considerar como delinquente todo o migrante que atravesse a vedação de arame farpado erguida no outono por Budapeste nas fronteiras com a Sérvia e Croácia.

Cerca de 400 mil pessoas transitaram pela Hungria antes da instalação das vedações e do encerramento das fronteiras, implicando a posterior expulsão ou mesmo a detenção de muitos migrantes.

O Governo de Budapeste recusa agora estabelecer qualquer quota relacionada com a repartição de refugiados à escala europeia, designadamente na sequência do acordo de 18 de março, entre a União Europeia e a Turquia, e que agravou as tensas relações entre Budapeste e Bruxelas.

Em fevereiro deste ano, um relator da ONU perito em direitos humanos revelava que as alterações de legislação aprovadas pelo governo conservador húngaro nos últimos cinco anos enfraqueceram em geral a democracia no país e pioraram as condições de trabalho das ONG.

O relator Michel Forst apontou as leis que limitam as competências do Tribunal Constitucional ou regulam o trabalho e financiamento dos meios de comunicação como exemplo de medidas que "foram aprovadas sem diálogo e discussões" pelo executivo dirigido por Viktor Orban.

Este ambiente torna mais difícil o trabalho das organizações não-governamentais, que muitas vezes são censuradas e intimidadas, referiu Forst, ao adiantar alguns pontos do relatório que será apresentado nas Nações Unidas na primavera de 2017.

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