Livro sobre "História do Portugal Contemporâneo" lançado em França

por Lusa

Paris, 13 out (Lusa) - O historiador francês Yves Léonard lançou, em França, o livro "Histoire du Portugal contemporain de 1890 à nos jours", apresentado pela editora como "o único [em França] que faz a síntese de uma história" do Portugal contemporâneo.

"Este é o único [em França] que faz a síntese de uma história de Portugal do século XIX aos nossos dias", disse à Lusa Anne Lima, diretora das Éditions Chandeigne, sublinhando que Yves Léonard é um autor pioneiro, em França, sobre este período da história portuguesa.

A obra "Histoire du Portugal contemporain de 1890 à nos jours" ("História de Portugal contemporâneo de 1890 aos dias de hoje") sintetiza em 10 capítulos, e menos de 300 páginas, mais de um século de história que começa com o ultimato britânico de 1890 e praticamente culmina com "a busca secular de um novo Brasil" e as renovadas relações com as antigas colónias.

"A crise do ultimato em 1890 marcou uma quebra política que vai levar à queda da monarquia e é um momento chave para compreender uma parte do seculo XX português, marcado pela emergência de um nacionalismo que tem como pedra angular a questão colonial", explicou Yves Léonard na apresentação do livro, esta terça-feira, na Embaixada de Portugal em Paris.

Em declarações à Lusa, o autor explicou que a obra é "uma síntese histórica" e que tentou "fazer capítulos relativamente curtos e relativamente pouco numerosos para que fosse facilmente compreensível para os não especialistas e, ao mesmo tempo, com suficientes pontos referentes a debates que os historiadores têm sobre diferentes períodos da História de Portugal".

Professor em Sciences Po, Instituto de Estudos Políticos de Paris, onde ensina "Nações e Nacionalismos na Europa Moderna" e "História e geopolítica dos mundos lusófonos", Yves Léonard "descobriu" Portugal há 35 anos, tendo ficado "seduzido e intrigado pelo país" e decidido dedicar-se à história portuguesa contemporânea.

Antigo bolseiro do Instituto Camões e da Fundação Gulbenkian, Yves Léonard tornou-se num especialista da história contemporânea de Portugal, tendo publicado, entre outros, "Le Portugal, vingt ans après la Révolution des `illets`" (1994), "Salazarisme et fascisme" (1996), "La lusophonie dans le monde" (1998) e "Mário Soares, Fotobiografia" (2006).

Em 2004, durante as celebrações do 30º aniversário do 25 de abril, o historiador foi condecorado comendador da Ordem de Mérito pelo antigo presidente da República, Jorge Sampaio, que assinou o prefácio deste livro, apontando, nas primeiras linhas, que a obra "é um convite à viagem e à descoberta de um povo muito desconhecido dos parceiros europeus, nomeadamente em França".

Yves Léonard, que é também investigador do Centro Histórico de Sciences Po e do Laboratório de Estudos Romanos da Universidade Paris 8, lamentou igualmente que a história contemporânea de Portugal seja ainda muito desconhecida em França.

"Lamento que a história do Portugal contemporâneo seja tão pouco conhecida em França porque Portugal é um país amigo da França e inspirou-se no modelo republicano francês. Depois, porque há esta presença portuguesa em França ao longo das décadas e hoje há um movimento quase inverso visto que há um interesse crescente dos franceses por Portugal", sublinhou o autor na apresentação do livro, na Embaixada de Portugal.

Em declarações à Lusa, o embaixador de Portugal em França, José Filipe Moraes Cabral, reiterou que "esse desconhecimento advém do facto de haver muito pouca coisa publicada, ou quase nada publicado em francês, sobre os últimos cem anos da história portuguesa".

"Os franceses olhavam para Portugal como um país pobre, atrasado, longe, enfim, havia todas estas falsas ideias sobre o país e que só começaram a ser desvanecidas, no fundo, com o 25 de abril, com a democracia, a liberdade e, sobretudo, com a integração europeia. A partir daí, os franceses começaram a olhar de uma maneira diferente e também porque a comunidade portuguesa em França evoluiu e hoje não é o que era há 40 anos", afirmou.

A obra é publicado pelas Éditions Chandeigne, uma editora francesa fundada em 1992 que publicou "mais de 150 livros sobre a cultura lusófona no mundo e mais de 70 sobre a cultura portuguesa", de acordo com o co-fundador, Michel Chandeigne, também proprietário da Livraria Portuguesa e Brasileira em Paris que "existe há 30 anos e que é a última livraria lusófona a resistir em França".

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