O primeiro-ministro francês apresentou a figura de "Marianne", símbolo da República francesa num clássico quadro de Delacroix, como exemplo do carácter genuinamente nacional dos seios nus. Um vendaval de comentários sarcásticos tem estado a ridicularizá-lo no Twitter.
Imediatamente, uma avalanche de comentários sarcásticos lhe caiu em cima. No diário Le Monde, é publicado um tweet da historiadora Mathilde Larrère, directora da Universidade de Paris-Est Marne-la-Vallée e reputada especialista da Revolução Francesa, dizendo: “Marianne tem o seio nu porque é uma alegoria, seu cretino!"
E prossegue, com uma lição de História dada ao primeiro-ministro: "Marianne", tal como a evoca Valls, é apenas uma das duas versões da figura pintada por Delacroix, correspondentes a duas tradições iconográficas bem diversas. Há uma "Marianne" de peito tapado, sentada, de imagem contida; e uma "Marianne" em movimento, de peito nu e cabelo solto.
A historiadora explica também que "Marianne" é uma imagem da República e não um arquétipo da mulher na República. E acrescenta que, durante o século XIX, "nenhum destes senhores [os pais fundadores da República] pensou em dar às mulheres uma capacidade civil, uma liberdade ou o direito de voto".
Um outro historiador, Nicolas Lebourg, empreendeu explicar a Valls que ele confundira "Marianne" com a imagem específica pintada por Delacroix no quadro "A Liberdade conduzindo o povo". E vários outros intervenientes na polémica lembraram ao primeiro-ministro que nas suas representações gráficas mais comuns "Marianne" surge habitualmente com a cabeça coberta por um barrete frígio, também ele um símbolo republicano.
Outros tweets ridicularizam a frase de Valls que põe "Marianne" a amamentar o povo, perguntando em tom polémico: "Então é isso a República - as mulheres serem mães?'"
Le Monde nota ainda que os registos filmados do comício mostram uma assistência a aplaudir, duma forma geral, as frases mais controversas de Valls, mas foca ao mesmo tempo as ministras Najat Vallaud-Belkacem e Marisol Touraine em ostensivo não-aplauso.
Vallaud-Belkacem já tivera um desaguisado com Valls por defender uma limitação de danos a propósito da proibição dos "burkinis", ao passo que Valls defendia incondicionalmente os autarcas promotores dessa medida.
