Morreu refugiado iraniano que tentou imolar-se num centro de detenção em Nauru

por Lusa

As autoridades australianas confirmaram hoje a morte do refugiado iraniano que se tentou imolar pelo fogo há dois dias em protesto contra as condições de vida dos imigrantes no centro de detenção que a Austrália tem em Nauru.

"O homem morreu esta tarde num hospital de Brisbane", no nordeste do país, afirmou, em comunicado, o ministro da Imigração da Austrália, Peter Dutton, indicando que Camberra vai proporcionar "o apoio apropriado" à viúva e familiares.

Omid, um iraniano de 23 anos, imolou-se na passada terça-feira, num ato que coincidiu com a visita ao centro daquela remota nação do Pacífico Sul de três representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), os quais presenciaram o feito.

O jovem ateou fogo ao próprio corpo após gritar: "Estamos cansados, esta ação irá provar o quão cansados estamos".

Segundo a associação de defesa dos direitos humanos Refugee Action Coalition, quatro outras pessoas tentaram suicidar-se na terça-feira no mesmo local.

O ministro australiano confirmou então que houve "outros incidentes" da mesma natureza e sublinhou que todas as pessoas voltam a Nauru depois de serem tratadas no hospital na Austrália.

A rigidez da política da Austrália em relação aos requerentes de asilo é criticada por organizações de defesa dos direitos humanos e também pelas Nações Unidas.

Os requerentes de asilo são enviados para campos de detenção fora da Austrália, instalados em ilhas como Nauru, enquanto os pedidos são avaliados.

Mas mesmo que o pedido de asilo seja atendido, não têm autorização para se instalar na Austrália.

Camberra afirma que a sua política permite salvar vidas porque desencoraja candidatos à imigração a aventurarem-se no oceano.

A cada dois dias, um requerente de asilo nos campos de detenção nas ilhas ao largo da Austrália provoca ferimentos no próprio corpo, segundo um relatório da Fairfax Media divulgado em janeiro.

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