Muro: presidente mexicano cancela visita a Washington

por RTP
Henry Romero, Reuters

Donald Trump já tinha sugerido o cancelamento, se o presidente Enrique Peña Nieto insistisse na recusa do México a pagar o muro entre os dois países. Agora foi Nieto a cancelar.

Segundo o New York Times (NYT), Trump anunciou de uma forma não apenas condicional, mas categórica, que tenciona cancelar a visita agendada para a próxima semana, em consequência das declarações de Peña Nieto, recusando pagar o alargamento do muro que foi decidido por Trump, sem consulta ao país vizinho.
O novo inquilino da Casa Branca afirmara ontem, quarta feira, a convicção de que o alargamento do muro e uma repressão mais rigorosa da imigração ilegal iriam melhorar as relações entre EUA e México.

Contudo, uma vaga de comentários iracundos, de várias personalidades da política mexicana, imediatamente colocou Peña Nieto sob pressão, para cancelar ele próprio a visita, em protesto contra a decisão unilateral de Trump. Entre esses comentários avultaram o do dirigente oposicionista Cuhautémoc Cárdenas e o ex-presidente mexicano Vicente Fox.

Peña Nieto acabou por afirmar que o México em caso algum pagaria a construção de mais muro. E agora acaba mesmo de cancelar a visita.

Um buraco de 120 Km no muro
O mesmo NYT refere um outro problema imprevisto para os planos de Trump: a tribo índia Tohono O’odham. O território desta tribo fica de um lado e do outro da fronteira mexicano-estadounidense e parte do novo muro, numa extensão de 120 quilómetros, ficaria a retalhar esse território, separando os índios da mesma tribo.

O vice-presidente dos Tohono O’odham, Verlon Jose, reagiu laconicamente à notícia da ordem presidencial para a construção do muro, com a expressão: "Só sobre o meu cadáver".

E depois precisou: "Não quero morrer mas pretendo trabalhar com o povo para podermos verdadeiramente proteger o nosso território, neste lugar que chamam Estados Unidos da América. Não apenas para o nosso povo, mas também para o povo americano".
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