Um novo procedimento médico permite aos pais que possuam doenças genéticas terem filhos saudáveis. A técnica utiliza o ADN de três pessoas e a sua legalização foi controversa, tendo apenas sido aprovada em 2015 no Reino Unido. O primeiro bebé fruto deste método nasceu no México, dia seis de abril deste ano.
Alguns especialistas puseram em causa o procedimento e acusaram os médicos de terem saído dos Estados Unidos para poderem efetuar o tratamento sem qualquer regulação. Dusko Ilic, cientista de células estaminais no King’s College de Londres, afirmou que “ao realizar o procedimento no México, a equipa não foi sujeita à mesma regulação sobre a qual outros países teriam insistido”, o que poderia ter representado um perigo para a paciente.
Zhang confirmou à revista britânica New Scientist que escolheu o México pois lá “não existe regulação”. Para o especialista, “salvar vidas é a atitude ética a tomar”, mesmo que tal implique contornar algumas regras.
O procedimento tem o nome de transferência mitocondrial e ainda não foi aprovado em nenhum país para além do Reino Unido.
A técnica consiste em retirar o núcleo de um ovo da mulher e colocá-lo num ovo saudável de outra mulher, cujo núcleo tenha sido retirado. Após essa transferência, o ovo é fertilizado com o sémen do homem e implantado na mulher. O tratamento é utilizado por pais que possuam um alto risco de transmitir doenças genéticas aos seus filhos.
A mãe do primeiro bebé a nascer sob este procedimento possui genes da síndrome de Leigh, doença que ataca o sistema nervoso central. A mulher tinha já sido mãe por duas vezes e ambas as crianças morreram devido à doença transmitida através da mitocôndria, organismo presente nas células. A primeira tinha seis anos e a segunda apenas oito meses.
Apesar de ter alertado para os riscos do procedimento, Dusko Ilic afirmou também que, tendo o bebé nascido saudável, a situação representa um grande desenvolvimento para o mundo da medicina e pode vir a ajudar muitos casais que se encontrem na mesma situação. No entanto, declarou ser importante questionar o processo e apelou à necessidade de publicar o estudo para que a comunidade científica possa ter acesso ao mesmo e examiná-lo ao pormenor.
Os detalhes acerca do nascimento serão apresentados no encontro da American Society for Reproductive Medicine em Salt Lake (Utah, EUA), em outubro.
