Ofensiva rebelde tenta quebrar cerco em Alepo

por Graça Andrade Ramos - RTP
Um carro armado de militantes rebeldes circula na zona ocidental de Alepo Ammar Abdullah - Reuters

"Centenas" de granadas de morteiro - mais de 150 - foram disparadas dos bairros controlados pelos grupos de oposição a Damasco sobre as áreas de Alepo ocidental e sul controladas pelo exército regular sírio, anunciou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Pelo menos 15 civis foram mortos e há mais de uma centena de feridos na zona ocidental, acrescentou.

Ao mesmo tempo a coligação Jaich al-Fatah, que une os principais grupos jihadistas e islamitas em Alepo, e grupos do Exército Síria Livre lançaram uma vasta ofensiva para quebrar o cerco imposto pelas forças leais ao Presidente Bashar al-Assad à zona leste da cidade, indicou à France Presse Abou Youssef al-Mouhajir, comandante militar e porta-voz do grupo islamita Ahrar al-Sham. A mesma mensagem foi publicada em redes sociais.

Além da salva de morteiros foram detonados vários carros armadilhados nas zonas limítrofes de Alepo ocidental. Fontes militares sírias afirmou que o ataque nessa área foi dominado e a televisão estatal referiu que o exército tinha destruído quatro carros-bomba.

"Há um apelo geral a todos que possam empunhar armas", afirmou à Reuters um responsável do grupo Frente do Levante, que luta sob a bandeira do Exército Livre da Síria. "O bombardeamento preparatório começou esta manhã", acrescentou.

As salvas de morteiros foram antecedidas de uma salva de mísseis terra-terra Grad contra a base aérea de Nairab, afirmou por seu lado Zakaria Malahifji, do movimento Fastaqim, presente em Alepo, confirmando que todos os grupos de revoltosos iriam participar da operação. Acrescentou que será "uma grande batalha".

O ataque pareceu lançado sobretudo por grupos rebeldes fora da cidade contra as forças governamentais que controlam os bairros ocidentais.

O OSDH afirmou que os mísseis atingiram não só a base aérea Nairab como também as áreas vizinhas da base Hmeimim, perto de Latakia.

As áreas dominadas pelos grupos insurretos de Alepo têm estado há várias semanas sob intenso ataque das forças leais ao Presidente al-Assad, apoiado pela aviação russa.
Plano Marshall para a Síria
A guerra síria está no seu sexto ano e opõe o Presidente sírio apoiado pela Rússia, pelo Irão e por milícias xiitas contra grupos sobretudo sunitas apoiados pela Turquia, monarquias do Golfo e pelos Estados Unidos.

Populações curdas, cristãs e muçulmanas formaram igualmente um exército não afiliado de combate ao grupo islamita Estado Islâmico, que aproveitou a confusão generalizada para controlar vastas áreas do leste e centro da Síria.

Mohammad Javad Zarif (E), Sergei Lavrov (C) e Walid al-Muallem (D) respetivamente ministros dos Negócios Estrangeiros do Irão, da Rússia e da Síria, esta manhã, em Moscovo Foto: Reuters

Durante uma reunião esta manhã em Moscovo entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da Síria, da Rússia e do Irão, Sergei Lavrov confirmou que nos últimos 10 dias a Força Aérea russa não efetuou um único bombardeamento, como parte de uma tentativa de tréguas humanitárias.

Lavrov acrescentou que a Síria irá necessitar de um plano semelhante ao plano Marshall que reconstruiu a Alemanha no pós segunda Grande Guerra, sublinhando que novas sanções ilegais contra a Síria irão afetar a população civil. Disse ainda que a guerra civil só poderá ser resolvida com uma solução política.
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