Polícia angolana desconhece manifestação autorizada para hoje em Luanda

por Lusa

Luanda, 29 jul (Lusa) - O segundo comandante da Polícia Nacional de Angola, comissário-chefe Salvador Rodrigues, afirma desconhecer qualquer manifestação "autorizada" para Luanda hoje, dia em que está anunciado um protesto para reclamar a libertação de 15 outros ativistas.

A informação foi transmitida pelo oficial da polícia angolana, questionado pela Lusa à margem de um seminário sobre direitos humanos, promovido hoje em Luanda pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos e Fundamentais.

"Eu não tenho conhecimento de nenhuma manifestação que tenha sido autorizado pelo Governo da Província de Luanda. Todas as manifestações que forem autorizadas a polícia cumprirá com o seu papel, no sentido de proteger as pessoas que se manifestam", afirmou o comissário-chefe Salvador Rodrigues.

Para hoje, às 15:00 (mesma hora em Lisboa), está convocada uma "manifestação pacífica" de "ativistas cívicos de vários extratos sociais", como se autointitulam, sob o lema "Chega de prisões arbitrárias e perseguições políticas em Angola".

Os organizadores garantem que esta manifestação é legal que cumpriram com os requisitos legais para a sua realização, nomeadamente a comunicação ao Governo da Província de Luanda.

O protesto está previsto para o Largo da Independência, no centro da capital angolana, local em que pela manhã de hoje, como a Lusa constatou, já era visível um reforço policial.

"Não, não. Que eu tenha conhecimento não [reforço policial especial]. A polícia está onde a situação operativa, criminal, requeira com maior incidência a colocação de homens para garantir a ordem e a tranquilidade dos cidadãos", disse ainda o segundo comandante-geral da Polícia Nacional de Angola.

De acordo com informação anterior enviada à Lusa pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola, o grupo de 15 jovens ativistas - detidos desde 20 de junho - estaria a preparar, em Luanda, um atentado contra o Presidente e outros membros dos órgãos de soberania, num alegado golpe de Estado.

Os ativistas, estudantes e licenciados, foram distribuídos por estabelecimentos prisionais em Viana (4), Calomboloca (7) e Caquila (4), na região de Luanda, e ainda não têm qualquer acusação formada, decorrendo o processo de investigação.

Associados ao designado Movimento Revolucionário, estes jovens alegam que se encontravam regularmente para discutir intervenção política e cívica, inclusive com ações de formação, como a que decorria na altura de detenção.

Este caso tem sido alvo de interesse nacional e internacional, com vários pedidos públicos de organizações, artistas, escritores e ativistas para a sua libertação.

Segundo a PGR, os detidos em prisão preventiva são Henrique Luati Beirão (conhecido como "Brigadeiro Mata Frakuzx"), Manuel "Nito Alves", Afonso Matias "Mbanza-Hamza", José Gomes Hata, Hitler Jessy Chivonde, Inocêncio António de Brito, Sedrick Domingos de Carvalho, Albano Evaristo Bingocabingo, Fernando António Tomás "Nicola", Nélson Dibango Mendes dos Santos, Arante Kivuvu Lopes, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Domingos José da Cruz e Osvaldo Caholo (tenente das Forças Armadas Angolanas).

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