Retirada dos EUA do Afeganistão gera preocupações relativamente à segurança

por Lusa

A retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão afeta o treino das forças de segurança locais, com o Pentágono também a desconhecer a extensão real das capacidades operacionais, adverte um relatório oficial apresentado hoje em Washington.

"Com menos tropas no terreno, a defesa norte-americana perdeu uma boa parte da sua capacidade de observação direta, de fornecer conselhos táticos e de recolher informações fiáveis sobre as capacidades e eficácia" do exército afegão, escreveu John Sopko, inspetor-geral do serviço norte-americano responsável por vigiar os esforços para a reconstrução do Afeganistão, no seu relatório trimestral ao Congresso.

Os Estados Unidos estimam que cerca de 5.500 efetivos das forças de segurança afegãs tenham sido mortos só no ano passado, com John Sopko a alertar que ninguém parece saber exatamente quantos restam.

"Mais preocupante é a avaliação da SIGAR [Inspeção para a Reconstrução do Afeganistão] de que nem os Estados Unidos nem os seus aliados afegãos sabem quantos soldados e polícias afegãos existem atualmente, quantos estão de facto em serviço ou, por conseguinte, a verdadeira natureza das suas capacidades operacionais", refere o relatório da SIGAR.

Além disso, a diminuição da presença dos Estados Unidos faz com que as tropas norte-americanas percam capacidade de ter impacto no terreno, quando, ao mesmo tempo, a capacidade das forças locais não aumentou para preencher o vazio.

Sopko tem sido muito crítico relativamente aos esforços dos Estados Unidos para restaurar a segurança no Afeganistão, especialmente através da reconstrução.

Escreveu múltiplos relatórios criticando também o governo afegão pelo desperdício e corrupção.

Spoko afirmou que o Congresso dos Estados Unidos alocou aproximadamente 113 mil milhões de dólares para a reconstrução do Afeganistão, dos quais 10 mil milhões estão por distribuir, sustentando que esse "esforço" se encontra numa "situação perigosa".

Cerca de 2.200 norte-americanos morreram no país desde o início do conflito em 2001.

O relatório surge num momento particularmente sensível para o Afeganistão, onde as condições de segurança são especialmente difíceis, após 15 anos de guerra.

Com 11.002 vítimas civis, incluindo 3.545 mortos, o ano de 2015 foi o mais sangrento para a população afegã desde que a ONU começou, em 2009, a contabilizar os mortos e feridos no conflito.

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