Em resposta ao derrubamento do bombardeiro SU-24, Putin vai muito além das sanções económicas contra a Turquia e está em vias de proceder a uma viragem estratégica.
Por outro lado, Putin deu passos novos e substanciais de aproximação à milícia síra-curda YPG, parceira do PKK sírio-turco, que entretanto voltou a encontrar-se em estado de guerra com o Governo de Ankara.
O YPG tem vindo a tornar-se uma força com aspirações plurinacionais, aliando-se com brigadas árabes e criando a SDF (Forças Democráticas Sírias), aparentemente com o projecto de se tornar a principal força política de apoio ao presidente Bashar al-Assad, no lugar do desgastado partido Baath.
Segundo a correspondente de Al Jazeera, Zeina Khodr, a SDF já conseguiu ganhar junto da fronteira sírio-turca importantes posições ao "Estado Islâmico" e também a cidade de Bab al-Salameh, às outras forças de oposição; e encontra-se actualmente em campanha para arrebatar a essas forças a região setentrional em torno da cidade de Aleppo - ameaçando uma zona a ocidente do rio Eufrates que a Turquia sempre considerou uma coutada estratégica.
Putin pressiona agora por uma aliança formal entre Assad e as forças curdas do YPG, o que é visto com grande preocupação em Ankara: ganho de posições para o YPG na Síria equivale a ganho de posições para o PKK no Curdistão turco.
Por outro lado, se resultar a convergência engendrada por Putin, a sobrevivência do regime de Assad poderá prolongar-se para além das expectativas do Governo turco, que vem apostando no seu derrubamento a muito breve trecho.