Scotland Yard retira polícias da Embaixada onde está Julian Assange

por Nuno Patrício - RTP
Foto: Toby Melville/Reuters

A reputadíssima Scotland Yard afirmou esta segunda-feira, 12, que vai ter de abdicar da presença permanente dos elementos policiais junto da Embaixada do Equador, no centro londrino.

A causa de todo este aparato policial está centrada num só homem e na sua eventual fuga para um país sem acordo de extradição.

O homem chama-se Julian Assange, fundador da Wikileaks, e é acusado de abuso sexual e estupro.

A justificação das autoridades é simples: os custos para manter tais meios são elevadíssimos.



Tudo começou há 40 meses, quando o Assange se viu obrigado a refugiar-se e a pedir asilo político na Embaixada equatoriana.Retirada das forças policiais e colocação de meios alternativos de vigilância
É uma retirada de forças um pouco suspeita. A Scotland Yard deu ordem para cancelar todas as operações de vigilância em redor da Embaixada do Equador, em Londres, que mantém desde 19 de junho de 2012.



Vinte e quatro horas por dia, 365 dias por ano e muitos milhões de libras, fizeram desta prisão domiciliária, forçada, a detenção mais mediática do mundo.
Dados divulgados pela instituição policial, em junho, davam a conhecer o custo real da vigilância: 11,1 milhões de libras, ou seja, um custo equivalente a 15 milhões de euros.

Agora a Scotland Yard veio informar que tal operação policial "já não é proporcional".

Dados divulgados pela instituição policial, em junho, davam a conhecer o custo real da vigilância: 11,1 milhões de libras, ou seja, um custo equivalente a 15 milhões de euros.

Segundo um porta-voz da Policia Metropolitana de Londres (PML), a operação para deter Assange continua, mas "já não é proporcional à presença permanente de agentes em frente à embaixada do equador”.

"A polícia militar não vai discutir de que forma a operação vai contínuar ou quais são as implicações e recursos ao dispor ," frisou. "Enquanto estas operações 'não táticas' garantem o impedimento da saída de Julian Assange da embaixada, a polícia militar irá implantar uma série de táticas secretas para detê-lo."



Quanto aos custos, a Scotland Yard afirma num comunicado: "Como todos os serviços públicos, os recursos da PML são finitos," referem.

E pouco mais se sabe sobre esta mudança de tática, dando a Scotland Yard conhecimento de que não havia "nenhuma perspectiva iminente de uma resolução diplomática ou jurídica para esta questão".

O site WikiLeaks reagiu ao anúncio e fez sair alguns twitter, onde se pode ler: " Londres remove forças policiais de fora da Embaixada equatoriana”
Quem é Julian Assange
Nasceu em Townsville, Austrália, no dia 3 de julho de 1971, tendo adquirido nacionalidade sueca que, com o escândalo a que está associado, lhe foi retirada.

Julian Assange, agora com 44 anos, foi o fundador de WikiLeaks, um site na internet que deu a conhecer ao mundo documentos sobre possíveis crimes de guerra cometidos na Guerra do Afeganistão e na Guerra do Iraque pelo Exército dos Estados Unidos.
Julian Assange foi acusado de estupro e abuso sexual por duas mulheres, sendo colocado numa lista internacional de procurados pela Interpol. Anteriormente fora acusado de divulgar informações secretas dos Estados Unidos
Assange foi um aluno dedicado nas áreas de matemática e física, estudou programação.

O primeiro computador foi ganho aos 16 anos e rapidamente descobriu a habilidade para invadir sistemas, tornando-se “hacker” - pirata informático.

Só na Austrália, teve de enfrentar cerca de 30 acusações de pirataria, que foram amnistiadas devido ao pagamento de várias multas avultadas.

Em 2006, já no Reino Unido, fundou o WikiLeaks, tendo feito parte do conselho consultivo. E em 2011 foi incluído na lista da revista Time como um dos 100 mais influentes do planeta.

A 30 de novembro do mesmo ano, foi acusado de estupro e abuso sexual por duas mulheres, sendo colocado numa lista internacional de procurados pela Interpol.

Já a 7 de dezembro, em Londres, Assange apresenta-se à Polícia Metropolitana e nega as acusações, tendo sido libertado nove dias depois.

No final de maio de 2012, por deliberação do Supremo Tribunal do Reino Unido, Julian Assange recebe ordem para ser extraditado para a Suécia.


Primeiras declarações feitas à imprensa, por Julian Assenge, da varanda da embaixada do Equador em Londres, no dia 20 de dezembro de 2012 - Foto: Reuters

Com as acusações, Assange perdeu a cidadania sueca e temia que assim que chegasse à Suécia, seria extraditado para os Estados Unidos e processado por espionagem, fraude e abuso de computadores.
Existem várias teorias de fuga: através de disfarces extravagantes, saltar os telhados de Kensington, fuga por helicóptero, ou misturar-se no meio da multidão no Harrods

Neste assunto e caso se verificasse a extradição para a América, Assange enfrentaria uma acusação que o levaria no mínimo a uma condenação a prisão perpétua, afirmam vários especialistas.

Em junho de 2012, e depois de várias tentaivas de captura por parte da Scotland Yard, Assange procurou asilo político na Embaixada do Equador, onde se encontra até ao momento atual, para evitar a extradição para a Suécia.


Conferência Imprensa dada a 18 agosto de 2014 - Foto: Reuters

Possibilidades de fuga
São várias as teorias, por parte de alguma imprensa sensacionalista, de que funcionários da Embaixada equatoriana teria mconsiderado a fuga de Assange  - uma fuga através de disfarce extravagante, saltar sobre os telhados de Kensington, uma espécie de fuga por helicóptero, ou misturar-se no meio da multidão no Harrods.

Outra possibilidade para a saída de Assange era supostamente indicá-lo como representante do Equador para a ONU e acompanhá-lo num carro oficial sob a proteção da imunidade diplomática.

Teorias ou não, o certo é que sempre que Julian Assange reaparece tem a Embaixada do Equador como pano de fundo.
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