Suazilândia quer amputar o corno a todos os rinocerontes

por RTP

Numa conferência para protecção de espécies animais ameaçadas, o Governo da Suazliândia propôs uma campanha de amputação do corno dos rinocerontes, para protegê-los contra a ganância dos caçadores furtivos. Desse modo, diz querer combater o morticínio de animais daquela espécie.

Na conferência Convention on International Trade in Endangered Species (Cites) discutiram-se problemas que muitas vezes têm que ver com a vaidade de ocidentais abastados, dispostos a pagarem milhões para pendurar na parede, como troféu, a cabeça embalsamada de um animal em vias de extinção. Ou outros problemas que têm que ver com a crença infundada em alegadas virtudes terapêuticas ou afrodisíacas de partes da anatomia de certos animais, como o pénis de um tigre, o cérebro de um macado ou o corno de um rinoceronte.

Houve consenso na conferência em considerar que é a pressão do mercado, e de uma procura ávida desses objectos, que estimula as redes criminosas e as faz contornar toda a legislação visando proteger as espécies ameaçadas.

Ted Reilly, um dos delegados da Suazilândia à conferência, tem contacto directo com essas redes, que assediam aquele país africano e relatou, segundo citações de Der Spiegel, que o corno de rinoceronte é pago a 33.000 dólares por quilograma, ou mesmo de 50.000 dólares, atingindo as encomendas, por vezes, os 300 quilos e, portanto, o valor de dez milhões de dólares e mais.

Num país marcado por uma pobreza extrema, é fácil encontrar muitos voluntários para desafiarem a lei e, mesmo retendo só uma pequena parte destes valores, arrecadarem em poucas horas de caça aquilo que normalmente não conseguiriam numa vida inteira de trabalho.

Poucas horas antes de começar a Cites, foi detido, na tarde da passada sexta feira, no aeroporto de Joanesburgo, um cidadão chinês que transportava três cornos com um peso total de 9,5 Kg e um valor calculado em 313.500 dólares.

Reilly admite que a proposta suazi tem poucas hipóteses de ser acolhida pela conferência, mas insiste em que ela retiraria às redes criminosas o estímulo económico para continuarem a dizimar uma espécie em perigo e permitiria aos animais sobreviverem, com o mal menor de se encontrarem a partir daí amputados da sua arma natural.
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