Trabalhistas de Corbyn afundam-se nas urnas da Escócia

por Andreia Martins - RTP
Jeremy Corbyn assegura que vai continuar como líder do Partido Trabalhista e faz um “balanço positivo” dos resultados já conhecidos Stefan Wermuth - Reuters

A contagem de votos só termina no próximo domingo, mas é esperado um resultado confuso, com vitórias importantes e derrotas pesadas. O Partido Trabalhista deve vencer em Londres, mas cai para o terceiro lugar no Parlamento escocês.

O jornal britânico The Guardian fala de um resultado “humilhante”. O francês Le Monde diz que estes resultados deverão conduzir Jeremy Corbyn a um “sério trabalho de introspeção”. Já o espanhol El País diz que os trabalhistas se limitaram a evitar “o descalabro”. São estas as primeiras reações da imprensa internacional às eleições locais inglesas desta quinta-feira.

Para além das eleições para a Câmara de Londres, Liverpool, Bristol e Salford, o escrutínio serviu também para eleger os novos representantes de 124 condados ingleses, bem como a renovação das assembleias nacionais do País de Gales e Irlanda do Norte, e do Parlamento escocês. 

Com o combate político a ser travado em várias frentes, as leituras políticas dos resultados acabam também elas por ser múltiplas. Mas é a pesada derrota do Labour na Escócia que merece maior destaque no dia seguinte às eleições.
60 anos depois
O Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês) reclama uma vitória “histórica”, que não conseguiu, no entanto, garantir a maioria ao partido. Na Escócia, o Partido Trabalhista foi remetido para terceira força política, ao ser ultrapassado pelos conservadores. 

Os trabalhistas obtiveram apenas 19 por cento dos votos (o que representa uma perda de 13 lugares no Parlamento), enquanto os tories alcançaram 24 por cento. Este resultado coloca um ponto final em mais de seis décadas de domínio dos liberais sobre os conservadores escoceses. 

O SNP, com 49 por cento dos votos, precisava de apenas mais dois lugares para garantir a maioria absoluta.  
“Aguentámos”
Na primeira reação aos resultados, Jeremy Corbyn, na liderança do partido desde 2015, refere que o Partido Trabalhista “aguentou” e “se mantém de pé”. 

E caso haja alguma dúvida, Corbyn assegurou esta sexta-feira à Press Association que vai continuar como líder do partido e faz um “balanço positivo” dos resultados que já são conhecidos. 

A verdade é que, apesar do péssimo resultado na Escócia, o Labour continua a ser o partido dominante no País de Gales, onde obteve 29 dos 60 lugares, segundo os resultados finais. Quanto aos 124 condados - e com metade dos votos por contar -, o Labour parece levar grande vantagem. Dos 2.750 lugares em causa, os trabalhistas já conseguiram eleger 718 vereadores, contra os 397 conservadores. 

David Cameron, primeiro-ministro britânico, também já reagiu aos primeiros resultados e refere que o Partido Trabalhista “perdeu totalmente o contacto” com os eleitores que diz representar.

“Eles estão tão obcecados com as causas de esquerda que acabam por esquecer que as pessoas querem trabalho, querem assegurar a sua subsistência, querem impostos mais baixos”, reiterou o atual líder do Partido Conservador. Em tom de vitória, enfatizou que os tories “estão a fortalecer o poder nos governos locais” após os últimos seis anos à frente do Governo.
Londres ainda à espera
Enquanto são conhecidos os primeiros resultados de uma eleição de fraca participação, com um eleitorado focado no referendo à manutenção do Reino Unido na União Europeia, aguarda-se com alguma expectativa o desfecho na capital. A contagem dos primeiros resultados aponta para a vitória de Sadiq Khan contra o conservador Zac Goldsmith. 
Khan, trabalhista de 45 anos, filho de imigrantes paquistaneses, deverá substituir Boris Johnson como mayor de Londres. 

Johnson, presidente da Câmara londrina há oito anos, tem sido uma das principais figuras na campanha a favor do Brexit, decidiu não apresentar candidatura a um terceiro mandato, tendo em vista uma possível candidatura à chefia do Partido Conservador, atualmente liderado pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, para as eleições legislativas de 2020.
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