Treze milhões de crianças sem escola no Médio Oriente e Norte de África

por Sandra Salvado - RTP
Foto: Khaled Abdullah, Reuters

Só na Síria, Iraque, Iémen e Líbia, perto de nove mil escolas não estão a funcionar porque foram danificadas, ficaram reduzidas a escombros ou estão a ser usadas para abrigar civis deslocados. Mais de 13 milhões de crianças estão impedidas de ir à escola por causa da intensificação dos conflitos no Médio Oriente e Norte de África.

Estes são os números que constam do relatório “Education Under Fire,” (Educação sob Fogo), publicado esta quinta-feira pela UNICEF. “Os ataques a escolas e a infraestruturas de educação, por vezes deliberados, são uma das principais razões pelas quais muitas crianças não podem ter aulas".

"Há ainda fatores como o medo, que leva milhares de professores a "Eu sinto falta da escola. Prometi ao meu pai que iria ser engenheiro quando fosse crescido, mas agora falta-me o exame final. Eu estou tão assustado. O som dos rockets assusta-me. Eu tenho medo de fechar os olhos à noite e morrer enquanto estou a dormir” - DeKrah - 11 anos - Iémenabandonar os seus postos, ou faz com que os pais não mandem os filhos à escola por causa do que lhes possa acontecer no caminho ou na própria escola”, pode ler-se.

O relatório da agência das Nações Unidas aborda o impacto da violência nas crianças em idade escolar e nos sistemas de educação em nove países (Síria, Iraque, Líbano, Jordânia, Turquia, Iémen, Líbia, Sudão e Estado da Palestina) que, direta ou indiretamente, têm sido afetados.

Segundo a UNICEF, na Jordânia, Líbano e Turquia, mais de 700 mil refugiados sírios não podem frequentar o ensino pois as infraestruturas de educação estão sobrecarregadas e não conseguem comportar mais alunos.“As pessoas diziam-me olá todas as manhãs quando regressava da escola. Já não há nada. O que resta são apenas memórias. Por favor, acabem com a guerra no Iémen” - Ommar Majdi - 13 anos - Iémen

“O impacto destrutivo do conflito está a afetar as crianças em toda a região”, afirmou Peter Salama, diretor regional da UNICEF no Médio Oriente e Norte de África.

“Não se trata apenas dos danos físicos nas escolas, mas do desespero sentido por uma geração de crianças que vê as suas expectativas e o seu futuro totalmente postos em causa”, salienta o mesmo responsável.

O relatório refere ainda que o financiamento que este setor recebe não é suficiente para responder às necessidades crescentes, apesar de a maioria das crianças e dos pais afetados pelo conflito considerarem a educação como a sua principal prioridade.
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