Xi e Duterte protagonizam em Pequim `degelo` das relações entre China e Filipinas

por Lusa

Pequim, 20 out (Lusa) -- O Presidente das Filipinas foi recebido hoje com honras em Pequim pelo homólogo chinês, que qualificou a visita como um "marco" nas relações entre os dois países, ensombradas há anos por disputas territoriais no Mar do Sul da China.

"Isto é verdadeiramente um marco para as relações sino-filipinas", afirmou Xi Jinping, ao reunir-se com Rodrigo Duterte no Grande Palácio do Povo, após a clássica cerimónia militar com a qual a China dá as boas-vindas aos líderes estrangeiros.

Após a receção, reuniram-se com a única presença de um tradutor, no seu primeiro encontro oficial desde que Duterte tomou posse, em junho, e deu, a partir de então, uma volta de 180 graus à política externa filipina.

O seu antecessor, Benigno Aquino, iniciou um procedimento contra Pequim junto do Tribunal de Arbitragem Permanente de Haia em 2013 depois de, no ano anterior, a China ter tomado o controlo do atol Scarborough, tradicional zona de faina de pescadores filipinos, e face às disputas pelas ilhas Spratly, também no Mar do Sul da China.

Em julho último, o tribunal deu razão às Filipinas, considerando ilegítimas as reivindicações chinesas sobre áreas que Manila considera parte da sua zona económica exclusiva.

Apesar do veredito, Duterte optou por centrar-se no restabelecimento de laços com a segunda economia mundial.

"Tudo o que quero são negócios", disse o chefe de Estado filipino, numa conferência de imprensa, na noite de quarta-feira, em Pequim, acrescentando que não iria abordar com os líderes chineses a questão das tensões territoriais, a não ser que os próprios abordassem o tema, por "cortesia oriental".

Após o encontro, Duterte e Xi devem testemunhar a assinatura de uma série de acordos de cooperação, com o líder filipino interessado sobretudo em empréstimos "brandos" que possam ser pagos "num calendário generoso", reconheceu na mesma conferência de imprensa.

Duterte vai ainda reunir-se hoje com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e com o presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Zhang Dejiang, além de participar num fórum de negócios entre a China e as Filipinas.

A visita de Duterte à China -- a primeira que realiza ao estrangeiro à margem da cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) - reflete o interesse do atual Presidente filipino em aproximar-se de Pequim, enquanto multiplica as críticas aos Estados Unidos da América, o seu principal parceiro comercial e de apoio no domínio da segurança no último século.

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