Bloco de Esquerda de Beja contra realização de exercício da NATO

por Lusa

Beja, 15 out (Lusa) - O Bloco de Esquerda (BE) de Beja afirmou-se hoje contra um exercício da NATO na cidade, referindo que "o povo português, já fustigado pela austeridade, dispensa jogos de guerra", que são "um desperdício inadmissível de recursos".

Num comunicado enviado à agência Lusa e intitulado "NATO não é bem-vinda em Beja", a coordenadora distrital do BE "manifesta o mais profundo desagrado" pela realização da primeira fase do exercício da NATO - "Trident Juncture 2015" no Regimento de Infantaria n.º 1 da cidade, desde o dia 03 deste mês e até sexta-feira.

"O povo português, já fustigado pela austeridade, dispensa jogos de guerra como o Trident Juncture 2015, um desperdício inadmissível de recursos, particularmente inoportuno durante a formação do novo governo", defende o BE, referindo que "Portugal é, ao que parece, um país soberano, não é um protetorado da NATO".

Por outro lado, frisa o BE, "Beja viu-se livre, no final dos anos 80, duma base aérea alemã utilizada inúmeras vezes para trânsito de armamento pela aviação dos Estados Unidos da América e da NATO, em particular nas crises no Médio Oriente, pondo em causa a paz e a segurança do país e da nossa região".

"Após o fim da ´guerra-fria`, em vez de se dissolver, a NATO reforçou o seu caráter belicista a nível global, com a ´guerra infinita` do Afeganistão, ao Iraque ou à Líbia, a pretexto do ´combate ao terrorismo`", indica o BE, referindo que "o fracasso desta estratégia está patente na Síria, com o reforço dos fundamentalismos e o surgimento do ´Estado Islâmico`".

"A NATO é bem o símbolo da submissão da Europa aos ditames dos Estados Unidos da América e o seu braço armado na disputa imperial com a Rússia, com enormes riscos para a paz na Ucrânia, na Síria e que podem alastrar à Turquia, ao Cáucaso e aos Balcãs", afirma o BE.

Segundo o BE, o "Trident Juncture 2015", que envolve toda a estrutura de comando e conta com a participação de cerca de 36 mil pessoas de mais de 30 países, é "considerado o maior exercício da NATO desde o fim da ´guerra-fria`".

De acordo com o Estado-Maior-General das Forças Armadas, o "objetivo principal" do "Trident Juncture", exercício de Postos de Comando, é "demonstrar a capacidade da NATO em planear, gerar, preparar, projetar e sustentar forças e meios atribuídos".

O ´Trident Juncture 2015` terá uma segunda fase entre dia 21 deste mês e 06 de novembro.

O exercício vai decorrer em Portugal, Espanha e Itália, havendo ligação com exercícios conduzidos na Bélgica, Canadá, Alemanha, Holanda, Noruega, no Oceano Atlântico e no Mar Mediterrâneo.

Além dos militares que participam diretamente no exercício (940 integrados na Força de Resposta da NATO e 2.016 e 2.220 nos meios complementares, Portugal disponibilizará ainda mais 3000 militares que funcionarão como forças de apoio, totalizando em cerca de 6.000 os efetivos portugueses envolvidos neste exercício.

Em Portugal, o exercício militar de grande visibilidade vai decorrer nas zonas de Beja, Santa Margarida, Tróia e Setúbal e contará, em território nacional, com mais de 10 mil efetivos de 14 países.

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