"Fim do arco da governação" é aposta socialista com dois anos

por Maria Flor Pedroso

Foto: Antena 1

A mudança do espectro político português foi uma aposta ponderada há dois anos pelo Partido Socialista, garante na Antena 1 a secretária-geral adjunta Ana Catarina Mendes.

Em entrevista à editora de Política da Antena 1, Maria Flor Pedroso, a dirigente do PS responde aos críticos internos e recorda que, no congresso de há dois anos, ficou decidido romper com o tradicional "arco da governação". Uma decisão, sublinha, que foi ratificada pelo partido. O XXI Congresso Nacional do PS decorre de sexta-feira a domingo em Lisboa.

É a resposta de Ana Catarina Mendes às críticas de Sérgio Sousa Pinto e de Francisco Assis, que têm denunciado a ausência de debate e de decisão sobre a atual fórmula governativa.

Sobre a proposta das primárias defendida por Daniel Adrião, o único militante que apresenta uma moção global ao congresso mas não quer disputar o lugar de António Costa, Ana Catarina Mendes diz que ela própria defende esse sistema para a eleição do secretário-geral, deputados ou candidatos autárquicos. Contudo, considera que há ainda uma reflexão a fazer pelos órgãos do partido.
"Pessoas normais"

Nesta entrevista à rádio pública, a secretária-geral adjunta do PS garante ainda que os socialistas tomariam as mesmas opções políticas se tivessem vencido as eleições legislativas com maioria absoluta. Com uma diferença: medidas como a reposição de salários seriam concretizadas em dois anos e não em um.

Quanto às próximas eleições autárquicas, Ana Catarina Mendes dá a palavra de honra de que não há qualquer pacto de não agressão com o PCP.

A propósito da ideia de um partido dirigido por "pessoas normais" - ou seja, sem vida política -, a dirigente socialista admite que a sua expressão é infeliz. Mas explica que visou aproveitar nomes que apareceram nas primárias e que não estão na hierarquia partidária porque nunca foram desafiados.

De resto, Ana Catarina Mendes considera-se ela própria "uma pessoa normal". E não aceita a crítica de que esta é uma ideia populista. Ainda assim, reconhece que houve socialistas "chocadíssimos".

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